Fonte: Correio Braziliense Online | Home Brasília | DF
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, garantiu que a pasta está estudando formas de garantir liquidez às distribuidoras de energia, neste cenário de queda na demanda e de flexibilidade da inadimplência sem corte de abastecimento. Albuquerque participou da programação ao vivo da XP, realizada nesta quinta-feira (2/4), com os presidentes da Petrobras, Roberto Castello Branco, e da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, que também comentaram as medidas adotadas para o enfrentamento da crise do novo coronavírus.
Segundo Albuquerque, o Ministério de Minas e Energia (MME) está adotando medidas que afetam os dois setores estratégicos, energia e mineração, que serão anunciadas nas próximas semanas. “O setor de petróleo sofre agora a maior crise da sua história”, afirmou. “Nossa responsabilidade é preservar a saúde dos setores vinculados. Para que a saúde pública tenha eficiência, os setores de energia e de mineração são essenciais para que a economia possa ter um desempenho mínimo. Desde o primeiro momento, há duas semanas, estabelecemos comitês setoriais e começamos a trabalhar com os órgãos de forma diária e organizada”, ressaltou o ministro.
No setor elétrico, segundo Albuquerque, o MME, em conjunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), apresentou as primeiras medidas que visam dar tranquilidade. “Em um momento em que não se sabe o que vai acontecer, garantimos a segurança energética”, afirmou. No setor de combustíveis, a preocupação é garantir o abastecimento. “Mas o consumo caiu bastante, as perspectivas para abril caíram drasticamente, tanto de diesel, como de gasolina e, principalmente do Querosene de Aviação”, disse.
O ministro disse que o MME está adotando medidas emergenciais e para a retomada. “Embora a gente não saiba quando isso se dará, temos que estar preparados”, ressaltou. Sobre o efeito direto nas distribuidoras, da permissão de inadimplência e também pela queda na demanda, Albuquerque reconheceu que pode ocasionar efeito cascata para todo o setor. “As distribuidoras têm que ter caixa e liquidez, temos plena consciência disso”, ressaltou. “Estamos trabalhando para que os consumidores de baixa renda sejam isentos. Vamos fazer isso com dinheiro do Tesouro, para evitar que as distribuidoras tenham inadimplência por parte desses consumidores”, afirmou.
A sobrecontratação das distribuidoras é outra preocupação, reconheceu o ministro. “Pretendemos apresentar medidas a curto prazo para tratar desse assunto e da liquidez das distribuidoras”, reiterou. Albuquerque destacou que os leilões tanto de energia quanto de petróleo foram adiados porque falta previsibilidade para realizar certames. “Uma das características dessa crise é a imprevisibilidade. Não podemos realizar leilões num cenário desse”, disse.
GLP
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, garantiu que não vai haver problemas de abastecimento de GLP. “Tivemos queda na demanda por todos os outros produtos, petróleo, gasolina e diesel. Mas há um aumento na procura por GLP. As pessoas estão estocando e não é preciso fazer isso”, alertou. Não há risco de desabastecimento, reiterou o presidente da estatal, porque, mesmo que haja uma redução na produção das refinarias, há compensação pelas importações.
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“Segunda-feira passada, um navio argentino chegou com volume para 1,6 milhão de botijões de 13 quilos. E outros navios virão. No curto prazo, teremos 5 milhões de bujões de 13kg no mercado. Não há razão para pensar em desabastecimento”, reforçou.
Castello Branco comentou o cenário de queda no preço do barril de petróleo. “Há poucas semanas, o barril estava em US$ 65 e caiu para entre US$ 20 e US$ 25. Hoje, teve uma alta excepcional. Ou seja, há uma volatilidade de preços enorme, maior do que na crise mundial de 2008”, ressaltou. “Tenho procurado responder rapidamente na Petrobras, construindo um estoque de liquidez para enfrentar a tempestade. Reduzimos a produção porque produzir mais nos levaria a formar estoques. Teríamos problema de armazenamento, teríamos que contratar navios para manter o petróleo boiando nos mares até encontrar comprador, por isso a redução da produção foi o melhor caminho.”
