Fonte: Exame
A Petrobras vê “vários potenciais interessados” nas refinarias colocadas à venda, apesar da crise no setor de petróleo, e espera receber ofertas vinculantes no segundo semestre, além de não descartar possíveis assinaturas de contratos neste ano, afirmaram executivos nesta sexta-feira.
A companhia colocou à venda oito refinarias e suas estruturas logísticas associadas, que representam cerca de metade da capacidade de refino da companhia, mantendo apenas sob sua gestão as unidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Nesta semana, a Reuters publicou que a falta de financiamento bancário para potenciais compradores poderia ampliar o atraso na entrega das ofertas vinculantes, segundo três fontes. A estatal já havia adiado uma vez a entrega das propostas, de abril para junho.
“A gente tem visto uma competição grande, vários potenciais interessados entrando em contato conosco falando da manutenção do interesse na aquisição dessas refinarias”, disse a diretora executiva de Refino e Gás Natural, Anelise Lara, em videoconferência com investidores.
“A nossa expectativa era termos algumas (refinarias) assinadas neste ano. Mas, com a crise, (esperamos) pelo menos receber ofertas vinculantes para essas refinarias ainda neste ano, no segundo semestre. A gente mantém essa expectativa.”
A executiva afirmou ainda que o refino tem se mostrado resiliente em crises e não espera redução do valor das refinarias em função da redução do preço do petróleo.
Apesar de reconhecer que alguns interessados podem ter problemas para financiamento, a diretora afirmou que há potenciais interessados “bastante saudáveis financeiramente”.
Ainda durante a teleconferência, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou acreditar ser possível fechar acordos de compra e venda de refinarias ainda neste ano.
Operação de Refino
Sobre a parte operacional, Lara afirmou projetar recuperação completa da demanda por gasolina, diesel, nafta e bunker no terceiro e quarto trimestres.
Em abril, o fator de utilização das refinarias caiu para 60%, ante 79% no primeiro trimestre, devido a uma redução da demanda por derivados.
No entanto, a diretora afirmou que esse indicador já retornou para acima dos 70% atualmente.
“Paramos algumas unidades, mas todas as refinarias continuam operando e as unidades se encontram capacitadas a retornar às cargas normais a partir da recuperação dos mercados”, afirmou.
“Nosso time de mercado interno reforçou as vendas, através não só das já programadas para as distribuidoras, como também através de leilões realizados em diferentes regiões do Brasil. Até agora, nós já realizamos 11 leilões de derivados de combustíveis em diferentes partes do país.”
A executiva reiterou ainda que a empresa adotou diversas medidas para lidar com o cenário global atual, incluindo o aumento das vendas de petróleo e derivados para mercados disponíveis, principalmente o chinês, “que voltou a operar de forma quase normal no fim de março e em abril”.
A executiva também destacou que a petroleira mantém forte relacionamento com refinarias independentes na província de Shandong, na China, o que tem permitido grandes volumes de vendas externas, apesar do cenário.
Tais medidas, segundo ela, têm contribuído para geração de caixa e declínio de estoques, permitindo a manutenção de folga razoável na capacidade de estocagem, evitando a adoção de medidas custosas como o afretamento de navios para armazenar líquidos.