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O prejuízo recorde da Petrobras, de R$ 48,5 bilhões, no primeiro trimestre de 2020 é resultado de um ajuste feito pela empresa na valorização de ativos por conta do cenário de queda no preço do barril de petróleo e da queda na demanda em função da crise do novo coronavírus. O chamado impairment teve impacto no resultado financeiro de R$ 65,3 bilhões. Em videoconferência com investidores, nesta sexta-feira (15/5), a diretoria ressaltou que a estatal é resiliente com um barril a US$ 24, mas está preparada para que a commodity seja comercializada até US$ 15. Em 2019, o cenário apontava para US$ 65 por barril. Hoje, o Brent está cotado em pouco mais de US$ 31.

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, explicou que impairment significou uma grande baixa de ativos de exploração e produção em águas rasas e profundas e um único ativo do pré-sal, o campo Berbigão Sururu, porque não seriam resilientes ao baixo do preço do petróleo. “Isso representou um resultado contábil muito baixo”, justificou.

Andrea Marques de Almeida, diretora executiva de Finanças e Relacionamento com Investidores, disse que, apesar da queda do Brent, o volume de exportações foi maior e as margens de GLP, gasolina e nafta também. “O primeiro trimestre foi forte e não totalmente afetado pela crise, o que permitiu um fluxo de caixa livre de US$ 5,9 bilhões”, afirmou. Porém, a companhia precisou se ajustar a um cenário de preço de petróleo muito mais baixo do que a projeção feita em 2019, de US$ 65 por barril. A empresa agora projeta o barril a US$ 25 em 2020, a US$ 30, em 2021, subindo U$ 5 por ano até atingir US$ 50 no longo prazo (2025).

“Para nos adequarmos ao cenário mudamos o perfil de endividamento, sacando US$ 8 bilhões em linhas compromissadas, com custo razoável. Assim, conseguimos reduzir o custo de captação, hoje em 5,6% ao ano, com prazo médio de 9,74 anos”, ressaltou. A contratação com novas linhas foi de US$ 1,7 bilhão e a rolagem de dívidas, de US$ 500 milhões. Os investimentos foram reduzidos de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões em 2020 e os gastos, em US$ 2 bilhões. “Com isso poderemos ter resiliência com US$ 24 por barril. Mas estamos preparados para até US$ 15 por barril”, afirmou Andrea.

Carlos Alberto Pereira de Oliveira, diretor executivo de Exploração e Produção, disse que a Petrobras conseguiu reduzir o custo de exploração de petróleo em 28%. “Nas águas profundas, está abaixo de US$ 6”, disse. No primeiro trimestre de 2020, esse custo é de US$ 5,9 ante US$ 8,5 no primeiro trimestre de 2019 e US$ 6,6 no quarto trimestre de 2019. “Tivemos crescimento de 47% na produção do pré-sal em relação ao mesmo período do ano passado e de 1% sobre o trimestre anterior”, assinalou. A produção comercial subiu 13% e caiu 5%, nas respectivas comparações.

Segundo Oliveira, o campo de Búzios, no pré-sal, tem excelentes resultados. “Era responsável por 9% da produção da companhia e hoje é por 31%, com recorde de produção em 10 de março, quando produziu 640 mil barris de óleo por dia (bpd) e 790 mil barris equivalentes (boed). “A produção de petróleo não foi impactada no primeiro trimestre, mas tivemos queda em abril”, afirmou.

Anelise Lara, diretora de Refino e Gás Natural, apresentou os dados de participação da empresa no mercado. Na gasolina, a Petrobras perdeu 4% em relação ao quarto trimestre e 2019 e 8% em relação ao primeiro trimestre de 2019 (saindo de 80% para 76% e 72% agora). No diesel, o market share passou de 84% nos três primeiros meses de 2019, para 77% nos três últimos e para 76% no primeiro trimestre de 2020.

O fator de utilização das refinarias teve a maior queda em abril deste ano, operando com 60% da capacidade. “A gasolina chegou a ser vendida abaixo do preço do petróleo”, justificou Anelise. No primeiro trimestre estava em 79% ante 76% no período imediatamente anterior e 75% no primeiro trimestre de 2020.

Medidas

Castello Branco apresentou as medidas de enfrentamento à covid-19 implementadas pela Petrobras. “Nossas prioridades são preservar a saúde dos nossos funcionários e a liquidez da empresa. Fizemos testagem total em 25% dos empregados. Apenas 10% estão nos escritórios e 50% nas equipes de operações”, afirmou. “Criamos um comitê de liquidez e outro de negociação de contratos, a fim de preparar a companhia para sobreviver no contexto de crise”, ressaltou.

Segundo o presidente da empresa, 62 plataformas que representavam “sangria de caixa” foram hibernadas. “Nosso programa de desinvestimento permanece intacto. E a experiência de home office, nos permitiu ver que é possível trabalhar apenas com 50% do efetivo dos escritórios. Isso trará mais redução de custos. Gastamos R$ 35 milhões apenas em manutenção”, assinalou.

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