Quem costuma preparar a própria refeição todos os dias deve ter notado a redução no preço do botijão gás de cozinha nas últimas semanas em Marechal Cândido Rondon.
Exemplo disso acontece na casa de Herton Jandir Lagemann. O empresário do ramo da construção civil faz quase todos os dias café da manhã, almoço e jantar para ele e mais sete pessoas, incluindo os três netos, que durante a pandemia passaram a ficar em sua casa. Ele conta que antes da pandemia um botijão durava 28 dias e agora dura em torno de 15 dias. “Hoje tô gastando de dois a dois e meio butijões por mês”, comenta.
Lagemann se diz satisfeito com o preço atual, e lembra que durante dois anos pagou R$ 95 o botijão. “Mas acho que poderia baixar um pouco mais, porque há quatro anos custava quarenta e poucos reais o botijão”, relembra.
Herton Jandir Lagemann ao lado da filha Ilse, de dez anos. Quase todos os dias o rondonense faz café da manhã, almoço e jantar para ele e mais sete pessoas: “Poderia baixar mais um pouco, porque há quatro anos o botijão custava quarenta e poucos reais” (Foto: Arquivo Pessoal)
REDUÇÃO DE 20%
Hoje, em Marechal Rondon, a média de preço do botijão de gás liquefeito de petróleo (GLP) de 13 quilos é de R$ 70 para retirar na revenda e de R$ 75 com a taxa de entrega, redução de quase 20% em comparação ao valor praticado em janeiro deste ano, que era de R$ 90 em média.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), na última semana de maio o preço médio do botijão de GLP no país foi de R$ 69,45 (Foto: Sandro Mesquita/OP)
PREÇO DESPENCOU NAS REFINARIAS
Do começo do ano em diante o preço nas refinarias da Petrobras despencou, principalmente em março, por conta da pandemia e do impasse comercial entre Rússia e Arábia Saudita, dois dos principais produtores mundiais. No entanto, até recentemente, essa diminuição não era sentida no bolso do consumidor.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a diferença estava sendo absorvida na distribuição e na revenda do produto.
Talvez a redução no preço do botijão de gás em Marechal Rondon esteja indiretamente atrelada aos efeitos da pandemia no mercado internacional, porém, o motivo mais evidente é a concorrência no setor.
Consumo residencial, com os tradicionais botijões de 13 quilos, responde por cerca de 70% do mercado nacional de GLP (Foto: Sandro Mesquita/OP)
CONCORRÊNCIA
Recentemente, uma nova empresa distribuidora do produto passou a atuar no município e a praticar preços diferenciados, mesmo com os recentes reajustes autorizados pela Petrobras que somam cerca de 10%.
O menor preço teria forçado outras revendedoras de gás a acompanhar o valor praticado.
De acordo com o proprietário da revenda recém-instalada no município, Dorivaldo Kist (Neco), a política de preço da empresa considera a atual situação econômica provocada pela pandemia. “Nós estipulamos esse preço porque achamos justo e esperamos que ajude de alguma forma todas as famílias de Marechal Cândido Rondon”, ressalta.
Segundo Léo Hollmann, proprietário de uma revenda de gás, é natural que com a entrada de uma empresa do setor em Marechal Rondon aconteça a diminuição do preço, o que ele chama de compra de mercado. “Pra conseguir vender eles baixam os preços, praticamente a preço de custo pra entrar no mercado. Isso não vai durar pra sempre, mais pra frente a tendência é voltar à normalidade”, pontua.
Conforme Roberval Silva, gerente de uma revenda de gás no município, os preços praticados atualmente na cidade devem aumentar devido aos reajustes realizados pela Petrobras. “Creio que o preço será reajustado aqui também, pois com esse valor que está sendo praticado aqui as revendas estão trabalhando no vermelho”, enfatiza.
Silva diz que o aumento do óleo diesel também deve influenciar no preço. “O aumento do óleo diesel torna o frete mais caro”, observa.
Ele destaca as adversidades enfrentadas pelo setor. “As dificuldades são grandes devido à nova política de preços da Petrobras e as revendas arcam com todas as despesas para a distribuição do produto”, salienta.
Desde novembro de 2019 o gás liquefeito de petróleo para os segmentos residencial e industrial/comercial é vendido pela Petrobras a granel. As distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, junto com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final.
Léo Hollmann, dono de uma revenda de gás referindo-se à redução do preço do gás por conta da concorrência no setor: “Lógico que não vai durar pra sempre. Logo os preços tendem a voltar à normalidade” (Foto: Arquivo Pessoal)
Roberval Silva, gerente de uma revendedora: “Em outras regiões esse concorrente tem o maior preço vendendo o gás a R$ 95, que seria o preço normal a ser praticado aqui, mas como esse concorrente perdeu algumas vendas na cidade reduziu o valor para recuperar os clientes” (Foto: Arquivo Pessoal)
Dorivaldo Kist (Neco), proprietário da revenda de gás recém-instalada em Marechal Rondon: “Tinha comércios vendendo o botijão por até R$ 100” (Foto: Sandro Mesquita/OP)
REAJUSTES NAS REFINARIAS
No início deste mês, a Petrobras reajustou os preços em 5,3% em suas bases e refinarias em todo o país. Esse foi o segundo aumento em menos de 30 dias – o outro havia acontecido no dia 23 de maio e teve o mesmo percentual que o anterior. No entanto, mesmo com os reajustes, o GLP acumula queda de 13,4% no ano por conta das quatro reduções provocadas pela desvalorização do barril de petróleo no mercado internacional.