Fonte: Mais O Povo
A pandemia foi a principal causa para que o consumo de gasolina caísse no Ceará para o menor volume desde 2012, no primeiro semestre. De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), nos primeiros seis meses do ano foram comercializados 525,3 mil metros cúbicos (m³), enquanto em igual período do ano passado estava em 576,6 mil m³. A queda de 15% foi a maior do Nordeste. O consumo em junho de 2020 (93.113 m³), na comparação com junho de 2019 (107.523 m³), é 13,4% menor.
O assessor de Economia do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, destaca que esse foi um semestre atípico para o setor, com o impacto antes mesmo do decreto de isolamento, na guerra comercial entre Rússia e Arábia Saudita, que afetou o preço do petróleo e do combustível na bomba.
Com a competição, a margem de lucro caiu e a chegada da pandemia refletiu ainda mais. O consumo médio retraiu 50%, com casos de postos com queda de 80% na demanda. “Começamos o ano com o mercado ascendente, mas a partir de março houve a guerra de preços entre russos e árabes, o que refletiu no mercado interno e isso se juntou aos decretos de isolamento social.”
Um dos motoristas que reduziram as idas aos postos de combustível na pandemia foi o administrador Claudionor da Silva Jr. Ele conta que caíram em pelo menos 30% os gastos com o produto, pois ficou 45 dias de home office e passou a utilizar o carro somente para ir ao supermercado. E relata que, quando precisava reabastecer, já não enchia o tanque.
Com a retomada do trabalho presencial, Claudionor já vê diferença no preço da bomba. “No momento, ainda não estou saindo pra outros lugares, além de trabalho e supermercado. Mas, vejo que o preço estava baixo antes e agora está ficando bem mais caro”, comenta.
Segundo o assessor de economia do Sindipostos, essa alta está acontecendo porque os preços do barril de petróleo no mercado internacional voltaram a ficar equilibrados, mais próximos dos valores de antes da pandemia.
Para o consultor nas áreas de Combustível e Energia, Bruno Iughetti, somente deve haver equilíbrio no consumo de gasolina no Ceará no fim do ano, até lá,a demanda deve ser menor ante igual período do ano passado. E a previsão é que a gasolina feche o ano com redução entre 7% e 8% no consumo.
“A pandemia está afetando todos os mercados brasileiros e a tendência é um pequeno equilíbrio para o fim do ano, mas, por enquanto, o que temos observado de retomada ainda não será suficiente para reaver o consumo do início do ano”, explica.
No mercado de combustíveis, a variação é negativa no ano e acumula queda de 12,9% no primeiro semestre. Apesar de representar o maior peso, a gasolina não foi a maior redução de demanda e sim o querosene de aviação, com -41,8%. Único item analisado pela ANP que não foi impactado pela pandemia negativamente foi o GLP, ou gás de cozinha. Alta de 4,4%.
Estoque
Os estoques de petróleo nos Estados Unidos caíram 1,632 milhão de barris na semana passada, a 512,452 milhões de barris. A taxa de utilização das refinarias caiu de 81,0% na semana anterior para 80,9% na semana passada. A previsão era de 81,3%.