Fonte: Tribuna do Norte
Pela oitava vez neste ano, a Petrobras reajustou para cima os preços de venda de gás natural para as distribuidoras. Dessa forma, no Rio Grande do Norte, o preço do botijão do gás de cozinha de 13 kg chegou aos R$ 81 podendo ultrapassar esse valor, dependendo da cidade. No setor de revenda, há a expectativa de que, até o final do ano, novos reajustes possam acontecer. No acumulado deste ano, o aumento já chega a 16%.
O presidente do Sindicato dos Revendedores Autorizados de Gás Liquefeito de Petróleo (Singás-RN), Francisco Correia, explicou que o novo valor começou a vigorar nesta quarta-feira (4), uma vez que o Singás foi notificado sobre o aumento de 5% no valor do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), no dia anterior.
“O valor médio no Rio Grande do Norte ficou entre R$ 78 e R$ 81. Esse é oitavo aumento consecutivo e acredito que ainda pode ocorrer mais dois aumentos até o final do ano”, declarou.
A previsão do dirigente do Singás se deve ao fato da Petrobras dominar o mercado de gás natural. “Vale lembrar que não houve nenhum aumento de salário nas distribuidoras, nem de matéria-prima, insumos, nada! O aumento no preço se deve apenas pelo reajuste da Petrobras, que aumenta sua margem de lucro”, disse.
O novo valor atinge em cheio quem já está tentando organizar as finanças em meio à pandemia da covid-19. A dona de casa Luci Medeiros é uma dessas pessoas. Na casa onde mora, apenas o esposo trabalha, recebendo um salário mínimo. “É horrível para a gente. No meio de uma pandemia com as dificuldades financeiras, vem mais um aumento. Aqui um botijão não dá para 28 dias”, relatou.
Na casa dela moram quatro pessoas e, até o mês passado, ela disse que chegou a comprar um botijão por R$ 65, mas agora planeja formas de economizar o produto. “Não tem como não comprar. Na verdade, a gente tem que fazer mais comida de uma só vez pra durar mais dias e usar menos o fogão e mais comida congelada. É uma solução que vamos tentar”, declarou a dona de casa.
Aumento em série
O preço do botijão de gás de 13 quilos, o tipo mais comum, apresentou pouca variação em 2019. O último reajuste do ano foi de 5% em 26 de dezembro, terminando 2019 na faixa de R$ 70 o botijão, com um acumulado de alta em torno de 10%.
A Petrobras promoveu os primeiros reajustes de 2020 nas refinarias em janeiro e fevereiro, porém, foram reajustes barateando em 3%. Em março, já durante a pandemia, a variação foi de menos 5%, Contudo, com a alta do consumo, inclusive o risco de desabastecimento em algumas regiões do país, uma vez que o isolamento social manteve as famílias por mais tempo em casa, o consumidor final não sentiu a diferença nos preços.
A partir de 23 de maio, a estatal começou a recompor sua margem de lucro numa série de variações de acréscimo no valor do derivado do petróleo. Em junho foram mais duas, outra em julho e duas no mês de agosto. A última ocorreu em 20 de outubro. Segundo Francisco Correia, presidente do Singás/RN, toda vez que o preço aumenta para o consumidor é esperada uma rápida retração das vendas nos dias seguintes. “Há uma pequena retração, mas, por se tratar de um produto de primeira necessidade que as pessoas se sentem obrigadas a comprar, logo essas vendas voltam à normalidade”, disse.
Parâmetros
A Petrobras informou que os ajustes ocorreram de acordo com parâmetros negociados em fórmulas contratuais, em função das variações ocorridas nas cotações do petróleo Brent e da taxa de câmbio Real/Dólar no último trimestre. O dólar vem subindo nos últimos meses, assim como o petróleo.
A variação atual foi de 26% em dólar por milhão de Btu (US$/MMBtu) em relação ao preço do gás de agosto de 2020. Quando medido em Reais por Metro Cúbico (R$/m3) o reajuste é de 33%. A companhia esclareceu que o preço final do gás natural ao consumidor não é determinado apenas pelo custo da molécula de gás e do transporte, mas também pelas margens das distribuidoras e pelos tributos federais e estaduais. Além disso, o processo de aprovação das tarifas é realizado pelas agências reguladoras estaduais, conforme legislação e regulação específicas.
