Fonte: ADVFN
A Petrobras prevê desinvestimentos de US$ 25 bilhões a US$ 35 bilhões no período de 2021 a 2025, versus uma faixa de US$ 20-30 bilhões de no plano de negócios anterior, à medida que a empresa busca reduzir sua dívida e concentrar recursos em ativos de “classe mundial” como os campos de pré-sal.
O valor a ser obtido com desinvestimentos aumentou com a inclusão no plano de fatias da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) na petroquímica Braskem e na BR Distribuidora, além de campos de Marlim e Albacora, esclareceu a diretora de Finanças e Relacionamento com Investidores, Andrea Marques, em entrevista com jornalistas, notando que a adição de alguns desses ativos era uma possibilidade.
Como resultado, suas vendas de petróleo no mercado brasileiro cairão para 1,252 milhão de barris por dia nos próximos cinco anos, versus média de 1,348 milhão de barris por dia entre 2015/2019, estimou a empresa. Além da venda de refinarias, parte do petróleo passará a ser exportado.
A empresa projetou um salto na sua exportação de petróleo para 891 mil barris por dia no período de 2021 a 2025, ante média de 445 mil bpd entre 2015 e 2019. A empresa reforça investimentos nos produtivos campos do pré-sal, de acordo com apresentação mais detalhada de seu plano de negócios plurianual.
A estatal também quer vender a distribuidora de gás Gaspetro e térmicas, entre outros ativos, mas é com as refinarias que a companhia pode obter uma parcela dos recursos importante já em 2021, indicou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, ao afirmar que a petroleira prevê concluir no ano que vem a venda das oito unidades de refino colocadas no plano.
“Temos as ofertas vinculantes para a Refap (no Rio Grande do Sul) e Repar (no Paraná) no dia 10 de dezembro. Isso representa seis refinarias já em curso de venda, em estágio mais avançado”, afirmou ele, após a companhia detalhar mais cedo seu plano de vendas de ativos para o período 2021-2025.
A estatal não especificou, no entanto, quanto e quando espera obter os recursos das vendas de ativos.
“É difícil estimar as datas de recebimento neste ‘range’ de cinco anos…”, disse Andrea, admitindo que uma parcela significativa desse valor pode ficar para 2021, por conta das refinarias.
Também estão incluídos no programa de alienação ativos campos de produção em terra e águas rasas, além do polo Albacora, Albacora Leste, Frade e 50% no polo Marlim.
“Apesar das restrições para movimentação por causa do Covid-19, estamos avançando bem para cumprir os compromissos assumidos com o Cade para a abertura desse mercado de refino”, reiterou a diretora de Refino, Gás e Energia, Anelise Lara.
Segundo ela, as assinaturas dos acordos para a venda das refinarias deverão ser realizadas no primeiro trimestre de 2021, enquanto a conclusão dos negócios levará mais alguns meses.
A estatal, que hoje tem 13 refinarias localizadas em várias regiões do país, passará a ter cinco unidades de refino, todas concentradas no Sudeste, a principal região consumidora. A capacidade produtiva passará de 2,2 milhões para 1,1 milhão de barris por dia.
“Nossa estratégia de foco no mercado premium passa pela venda de parte do nosso parque de refino atual”, destacou Lara, afirmando que as unidades de São Paulo e Rio de Janeiro têm elevado grau de integração.
Mais cedo, a diretora de finanças disse a investidores que, nos casos da BR e da Braskem, a companhia vai aguardar uma janela mais positiva de mercado para realizar as operações.
Lara, por sua vez, disse que a alienação da fatia na Braskem terá seu modelo anunciado oportunamente.
A executiva comentou ainda ter expectativa de conclusão do negócio da venda da Liquigás, distribuidora de gás liquefeito de petróleo, em dezembro.
Ela também reforçou que a companhia deixará de atuar nos setores de transporte e distribuição de gás. De outro lado, a empresa reduzirá sua participação como supridora, mas ainda terá papel importante.
“Deixaremos de ter uma participação quase integral no suprimento para (um) patamar próximo de 55% desse mercado”, comentou.
Com relação à Gaspetro, a executiva afirmou que a empresa terá de buscar outro formato de desinvestimento, após a Compass, do grupo Cosan, ter sido desqualificada do processo devido a questões concorrenciais.
“A Compass não preenchia requisitos de desverticalização, isso coloca um problema para nós. Vamos ter que buscar outro formado de desinvestimento na Gaspetro. A Mitsui (sócia) também está querendo sair, vamos buscar forma de sair juntos desse processo, uma vez que houve esse processo do Cade”, explicou.
Apesar da vendas de térmicas também estar incluída no plano, a Petrobras manterá capacidade de geração de 4,3 gigawatts, acrescentou a executiva.
Ela disse que a maioria das térmicas está em processo de desinvestimento, mas a Petrobras tem expectativa de ficar com dez unidades “para monetizar” o próprio gás.
Já o terminal de regaseificação na Bahia deve ter novo processo competitivo aberto para arrendamento no início do próximo ano, após uma empresa interessada ter sido desqualificada por riscos de conformidade.
DÍVIDA BRUTA
Questionada sobre a meta de dívida bruta para 2021, de 67 bilhões de dólares, a diretora financeira afirmou que ela é “conservadora”.
“É um número que acreditamos ser capaz de atingir, mas se os preços do Brent se comportarem diferente… se tiver uma geração de caixa mais forte, vamos trabalhar para pagar a dívida mais rápido”, afirmou, ressaltando que é difícil falar sobre tendência de mercado de petróleo no momento atual.
A empresa fechou os nove primeiros meses de 2020 com dívida bruta de 80 bilhões de dólares.
O presidente-executivo da Petrobras, Roberto Castello Branco, ressaltou durante o evento que a estatal, apesar das dificuldades colocadas pela pandemia, foi a empresa de petróleo no mundo que “melhor desempenhou em termos de geração de caixa”.
“Tivemos um maior fluxo de caixa operacional ao longo dos nove primeiros meses de 2020, e ao mesmo tempo fomos a única entre as grandes empresas (de petróleo) que reduziu a dívida”, declarou.
A redução da dívida em nove meses foi de 7,5 bilhões de dólares.
EXPORTAÇÃO DE PETRÓLEO
A Petrobras projetou nesta segunda-feira um salto na sua exportação de petróleo para 891 mil barris por dia no período de 2021 a 2025, ante média de 445 mil bpd entre 2015 e 2019, à medida em que reforça investimentos nos produtivos campos do pré-sal, de acordo com detalhamento de seu plano de negócios plurianual.
Já as vendas de petróleo no mercado doméstico cairão para 1,252 milhão de barris por dia nos próximos cinco anos, versus média de 1,348 milhão de barris por dia entre 2015/2019, disse a empresa.
A Petrobras detalhou que o campo de Búzios receberá 36% dos 46,5 bilhões de dólares em investimentos projetados para Exploração & Produção entre 2021-2025, enquanto os demais campos do pré-sal receberão 25% do montante.
As linhas gerais do plano foram divulgadas na semana passada, apontando um corte de 27% nos investimentos em cinco anos em relação ao anterior, para 55 bilhões de dólares, visando preservar o caixa, já que a pandemia de coronavírus derrubou a demanda e os preços globais do petróleo.
VISÃO DE MERCADO
XP Investimentos
Eles ressaltaram que agora o preço-alvo para as duas classes de ação é o mesmo refletindo (i) declarações recentes dos executivos da companhia de que pretendem realizar a mesma distribuição de dividendos para ambas as classes de ações (PNs e ONs) daqui para frente, bem como (ii) a incorporação no modelo dos efeitos da nova política de dividendos da Petrobras, segundo a qual a companhia distribuirá 60% da geração de caixa da companhia (fluxo de caixa operacional subtraído de investimentos) a partir do momento que alcançar o patamar de US$60 bilhões de dívida bruta (incluindo arrendamentos).
“Temos uma avaliação geral neutra do Plano Estratégico da Petrobras para 2021-25, uma vez que a maioria das metas anunciadas estão em linha com as nossas projeções e refletem diversos pontos já comentados pela administração da companhia ao longo do ano. Por outro lado, acreditamos que o mercado deve ter uma interpretação ligeiramente negativa da previsão de produção de petróleo em 2021, que foi impactada por menores expectativas de crescimento de produção de petróleo de novas unidades de produção. Notamos que esse aspecto não nos causa preocupação, tendo em vista que acreditamos que o mercado deve prestar mais atenção na maior geração de caixa e sustentabilidade financeira da Petrobras do que simplesmente um crescimento de produção de petróleo a qualquer custo”, avaliam Gabriel Francisco e Maira Maldonado, analistas da XP Investimentos.
XP atualiza o preço-alvo em um horizonte de 12 meses de PETR4 e PETR3 para R$ 32 por ação, o que se compara a R$30 para PETR4 e R$29 para PETR3 anteriormente.
Credit Suisse
O Credit Suisse destacou que o Petrobras Day detalhou os planos para o período entre 2021 e 2025, indicando que a empresa se mantém comprometida em manter seu valor para acionistas, com foco em valor e não em volumes.
E que a valorização pode ser vislumbrada nos próximos cinco anos, e não em um futuro distante, à medida que a Petrobras abandona investimentos em ativos não essenciais. O banco afirma que os cortes em investimentos podem permitir pagamento de dividendos significativos, e reduzir o período de valorização dos papéis.
A empresa prevê gerar entre US$ 115 bilhões e US$ 125 bilhões nos próximos cinco anos, distribuindo entre US$ 30 bilhões e US$ 25 bilhões em dividendos, o que indica um rendimento de dividendos de entre 10% e 11%. O Credit Suisse espera rendimentos ainda maiores, de cerca de 15% ao ano, em média, pelos próximos cinco anos.
O Credit Suisse também destaca que a governança social e ambiental também foi destaque na apresentação, com medidas como controle da emissão de gases estufa e de vazamentos de petróleo e derivados impactando diretamente nas compensações pagas a funcionários a partir de 2021.
A empresa também se compromete a aumentar reuso de água, frear o aumento de rejeitos implementar projetos sobre biodiversidade em áreas nas quais atua e investir em projetos sociais e ambientais. O banco mantém avaliação em outperform, com preço-alvo de US$ 15, frente os US$ 9,57 atualmente negociados na bolsa de Nova York.
A Petrobras registrou o terceiro resultado negativo seguido, com prejuízo de R$ 1,55 bilhão no terceiro trimestre deste ano, revertendo lucro de R$ 9,09 bilhões apurado no mesmo intervalo do ano anterior. Excluindo itens não recorrentes, a empresa garantiu que poderia ter registrado lucro líquido de R$ 3,2 bilhões.
“No 3T20 diversos itens não recorrentes impactaram negativamente os resultados. Destacamos a aprovação da adesão aos programas de anistia tributária afetando tanto o lucro líquido quanto o Ebitda ajustado e o prêmio pago na recompra de títulos, que afetou apenas o lucro líquido”, informou a companhia, em seu comunicado de resultados.