Fonte: Tribuna de Minas / Imagem: Divulgação

Cozinhar as refeições em casa tem sido mais difícil para os brasileiros e não apenas pelo preço dos alimentos. O valor cobrado pelo GLP, o gás de cozinha, também disparou no país, impactando significativamente a renda de diversas famílias. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre janeiro e setembro deste ano, o preço médio do botijão de 13 kg, em Juiz de Fora, aumentou cerca de 27%. No início do ano, o consumidor pagava, em média, R$ 73,75, hoje o produto custa R$ 93,58, com preço máximo podendo chegar a R$ 110.

Esse cenário de constante aumento levou muitos brasileiros a procurarem alternativas. Maria Aparecida de Souza, moradora do Bairro Santa Cruz, passou a cozinhar, há mais de um mês, com fogão à lenha. O aumento no preço do gás foi o fator principal para essa mudança, já que sua renda não é suficiente para cobrir mais esse gasto. “Ou você compra o gás ou você come, porque está tudo caro. Agora dá para cozinhar feijão, fazer um arroz, um café. Mas o gás faz falta, não é todo dia que a gente tem tempo de usar a lenha.”

Para acender o fogão, Maria Aparecida precisa buscar gravetos em uma mata perto de casa. Além disso, a fumaça que vem do processo de queima da madeira se espalha por toda a residência, tornando-se prejudicial à saúde. “Se eu tivesse mais recurso eu voltaria pro gás, mas precisaria que abaixasse mais.”

Entenda o preço do gás

O preço do botijão de gás no Brasil é formado por quatro componentes: o valor de custo pago à Petrobras (48,4%), os impostos (15,1%), e o valor pago às revendas e distribuidoras (36,5%). O aumento de mais de 30% no preço do GLP no último ano no país foi causado, basicamente, por dois fatores: o salto de R$ 27,51 para R$ 46,96 no preço de custo cobrado pela Petrobras e o aumento de quase 30% no valor destinado às revendas.

Em entrevista à Tribuna, o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sérgio Bandeira, explicou que o preço do GLP é livre e a variação ocorre principalmente pela mudança nos valores praticados pelas distribuidoras e revendas. “Você vai encontrar no mesmo bairro, na mesma cidade, diferenças entre R$ 5 e R$ 15 de um botijão para o outro. O consumidor, no mercado de gás, tem total liberdade de escolha. Ele tem um papel importante nas pressões competitivas desse setor. A recomendação é que, a cada compra, o cliente escolha o revendedor que vai conseguir atendê-lo melhor e também considere a questão de custo.”

Como economizar

Para diminuir o impacto dos aumentos é importante que o consumidor, diariamente, crie uma rotina de economia. O coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, orienta que as famílias façam um acompanhamento do quanto de gás estão gastando para preparar os alimentos. Esse controle deve conter informações a respeito de qual comida foi cozinhada, quanto tempo levou e qual era a potência do fogo utilizada. “Tendo esse levantamento, você consegue focar em fazer as comidas que têm um gasto menor, fazendo diferença no final do mês. Fazendo esse acompanhamento, bem simples, você faz com que o botijão dure mais dois, três e até cinco dias. E se ele durar mais cinco dias por mês, em 12 meses você ganhou dois meses de economia.”

Outras dicas simples também podem contribuir para uma maior economia, como cozinhar com a panela fechada para que a concentração de energia consuma menos gás, utilizar panela de pressão sempre que necessário, já que ela acelera o cozimento, e deixar os alimentos de molho, como arroz, ervilhas, feijão e grão de bico, para diminuir o tempo na panela. Outra orientação é otimizar o uso do forno, fazendo preparo de alimentos em sequência, além de optar por cobrir a comida com alumínio para concentrar o calor. É preciso também checar, constantemente, se a chama do fogão está azul para evitar o gasto excessivo e manter sempre as bocas do fogão limpas.

Apostar na eletricidade pode parecer uma boa alternativa para minimizar os efeitos da disparada do gás. Entretanto, uma comparação feita pelo Sindigás, com dados de Juiz de Fora, mostra que, em duas situações cotidianas analisadas, consumir eletricidade sai mais caro.

Primeira situação: Uma receita de bolo, que dura em média trinta minutos no forno, feita com um equipamento a gás, custa ao consumidor R$ 0,41. Já se o forno elétrico for utilizado para assar o bolo pela mesma quantidade de tempo, o gasto será duas vezes maior, somando R$ 0,84.

Segunda situação: Uma receita de arroz de forno gasta, em média, R$ 0,31 em um forno à gás, enquanto no forno elétrico a despesa é de R$ 0,63, mais que o dobro.

Preços maiores que a média nacional

Segundo pesquisa realizada pelo Procon, na primeira semana do mês de setembro, foram identificados cem depósitos de GLP em Juiz de Fora. O menor preço de venda, com retirada no local, foi de R$ 80 em um depósito localizado no Bairro São Pedro. O maior preço de venda do mesmo produto foi de R$105, em depósitos dos bairros Bandeirantes e Santa Cruz. A pesquisa aponta que, comparando os preços de Juiz de Fora com os dados da pesquisa da ANP, é possível verificar que, na cidade, os valores praticados estão maiores que as médias nacional e estadual.

O Procon não identificou a prática de preços abusivos nos depósitos que fizeram parte da amostragem, mas, caso o consumidor identifique algum depósito cobrando valor muito acima dos apresentados na pesquisa, é importante fazer a denúncia ao órgão. O Código de Defesa do Consumidor prevê que o fornecedor poderá sofrer sanções em caso de elevar os valores sem justa causa.

Cuidados na hora de comprar o produto

Além do preço, na hora de comprar o produto é importante ficar de olho também na certificação, para não correr o risco de adquirir produto ilegal. A supervisora de Estudos e Pesquisas do Procon-JF, Gisele Zaquini, orienta o consumidor a sempre comprar gás de revendedores autorizados. “Para isto, é necessário ficar atento ao botijão de gás, que deve ter o logotipo das distribuidoras. No caso da venda em domicílio é importante verificar se o veículo do transporte do gás tem a identificação e o número do telefone da distribuidora. Também cabe observar se o entregador usa uniforme. É preciso observar ainda se o botijão está lacrado, se tem a marca do fabricante em alto relevo, o rótulo com instruções de uso e se não apresenta amassados ou ferrugem.”

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