Fonte: Correio Braziliense FTP – Impresso – Flip / Brasil / Imagem: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Os mais pobres foram os mais afetados pela inflação, em setembro. De acordo com estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a alta dos preços foi mais acentuada para as famílias de renda muito baixa (1, 30%), comparativamente à apurada no grupo de renda mais elevada (1, 09%).

De acordo com o estudo, o grupo de habitação foi o que mais contribuiu para a alta inflacionária das famílias mais carentes, em setembro. “Para as famílias de renda muito baixa, os reajustes de 6, 5% das tarifas de energia elétrica, de 3, 9% do gás de botijão e de 1, 1% dos artigos de limpeza, foram os principais responsáveis pela alta do grupo habitação. Esse aumento responde por mais da metade da inflação para o segmento”, aponta o estudo.

A pesquisa observa que o segundo segmento que mais influenciou a inflação das famílias de menor renda foi o de alimentos em domicílio, puxados especialmente pelo aumento das frutas (5, 4%), das aves e ovos (4, 0%) e dos leites e derivados (1, 6%).

“Já para as faixas de renda mais alta, assim como ocorreu em agosto, o maior impacto partiu do grupo de transportes. A alta inflacionária desse segmento foi influenciada pelos reajustes de 2, 3% da gasolina, de 28, 2% das passagens aéreas e de 9, 2% dos transportes por aplicativo”, de talha o estudo.

Acumulado

A diferença dos efeitos da inflação entre as faixas de renda se mantém quando se consideram períodos mais longos. Os dados acumulados nos últimos 12 meses revelam que, embora a pressão inflacionária tenha acelerado para todas as classes, a inflação acumulada nas famílias de renda mais baixa (11%) foi 2, 1 pontos percentuais maior que a registrada na classe de renda mais alta (8, 9%).

Para as famílias de renda muito baixa, os dados revelam que, além dos aumentos nos preços dos alimentos no domicílio, como carnes (24, 9%), aves e ovos (26, 3%) e leite e derivados (9, 0%), os reajustes de 28, 8% da energia e de 34, 7% do gás de botijão explicam grande parte da alta inflacionária nos últimos 12 meses.

“Já para as famílias com maiores rendimentos, a inflação acumulada no período é impactada, sobretudo, pelas variações de 42, 0% dos combustíveis, de 56, 8% das passagens aéreas, de 14, 1% dos transportes por aplicativo e de 11, 5% dos aparelhos eletroeletrônicos”, afirma o estudo.

O economista André Braz, da FGV explica que os alimentos pesam muito mais para o orçamento dos menos favorecidos. “A alta da alimentação acumulada em 12 meses está acima da inflação média. Há, também, despesas relacionadas a energia e gás de cozinha, que também subiram muito. Então, exatamente as despesas mais básicas do orçamento familiar, como colocar comida na mesa e levar energia e gás para casa foram os vilões da inflação neste período”, explicou.

Segundo o economista, como esses orçamentos são de baixa renda, são despesas que subiram mais durante a inflação é natural perceber 20% a mais da inflação para os menos favorecidos. “É por isso que a gente decompõe a inflação por faixas de renda, exatamente para enxergar como o fenômeno vem se manifestando entre os grupos sociais. E como ele está no orçamento dos menos favorecidos percebe uma pressão inflacionária maior”, afirmou. (FS)

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