Fonte: Diário do Comércio
A Companhia de Gás do Estado de Minas Gerais (Gasmig) não informou o percentual, mas adiantou que a alta nos preços do gás natural anunciada ontem pela Petrobras para distribuidoras será repassada a clientes. Representantes do setor industrial, que representam 91% dessa fatia, demonstram preocupação com a alta do energético.
Segundo a Petrobras, a partir do dia 1º de maio, os preços de venda de gás natural para as distribuidoras estarão 39% mais caros em reais por metros cúbicos (R$/m³), na comparação com o último trimestre.
A variação é resultado “da aplicação das fórmulas dos contratos de fornecimento, que vinculam o preço à cotação do petróleo e à taxa de câmbio”. Conforme a companhia, as atualizações dos preços dos contratos são trimestrais e com relação aos meses de maio, junho e julho, a referência adotada são os preços dos meses de janeiro, fevereiro e março.
“Durante esse período, o petróleo teve alta de 38%, seguindo a tendência de alta das commodities globais. Além disso, os preços domésticos das commodities tiveram alta devido à desvalorização do real”, informou a petroleira em nota.
A Petrobras está repassando o custo do transporte do produto até o ponto de entrega às distribuidoras. Esses custos, segundo a Petrobras, são definidos por tarifas reguladas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Essa parcela do preço é atualizada anualmente no mês de maio pelo IGP-M, que, para o período de aferição (março de 2020 a março de 2021), registrou alta de 31%, informou a petroleira.
“Estamos analisando e correndo atrás de formas de afetar menos nossos clientes, mas haverá impacto”, disse o presidente da Gasmig, Pedro Magalhães. Segundo ele, o setor industrial representa 91% desses consumidores. Clientes residenciais e de gás veicular não terão impactos desse ultimo aumento, uma vez que já tiveram reajuste em fevereiro. No caso do GNV, os preços da Gasmig seguem congelados. Ele observou que o custo do energético para a Gasmig praticamente dobrou em nove meses. “Nosso preço de compra em agosto era de R$ 0,95, agora é R$ 1,79”.
Política de redução
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, o novo aumento, por mais justificativas que tenha, contraria a promessa do governo federal de reduzir o custo do gás natural. “Esse novo aumento é um absurdo. O governo tinha anunciado uma política de redução do preço do gás e, desde que anunciou, só vemos aumentos. É um impacto muito negativo na indústria como um todo”, observou. Roscoe informou que o setor está dialogando com a Gasmig em busca de soluções.
“Muitas indústrias estão passando por dificuldades já em função do aumento anterior. Isso pode levá-las, inclusive, a optar pelo uso de carvão de lenha, o que vemos com muita preocupação em função da sustentabilidade”, completou o presidente da Câmara de Petróleo e Gás da Fiemg, Humberto Zica.