Fonte: A Gazeta online 

Um portal para o mundo. Com uma localização privilegiada na costa brasileira, o Espírito Santo tem uma infraestrutura portuária ampla e diversificada por onde passa cerca de 40% da economia capixaba, por meio de produtos que chegam ou saem do Estado para os principais centros de produção e consumo do país e do planeta.

De Norte a Sul do litoral capixaba, são vários os terminais portuários existentes ou projetados, dos mais diferentes portes, potencialidades e focos comerciais. São estruturas relevantes na geração de empregos, oportunidades de negócios e pagamentos de impostos aos governos.

Como destaca o jornalista Antônio de Pádua Gurgel em seu livro “Portos do Espírito Santo”, que será lançado no dia 14 de abril durante live em A Gazeta, com patrocínio da ArcelorMittal Tubarão, trata-se do maior complexo portuário da América Latina, com seis unidades em operação espalhadas por 417 quilômetros de litoral, responsáveis por, aproximadamente, 25% das mercadorias que entram e saem do Brasil.

São eles o Porto de Vitória, que é público, e os de uso privado de Tubarão e de Praia Mole, todos na Capital; além do Porto de Ubu, em Anchieta; do Porto de Barra do Riacho (Portocel), em Aracruz; e do Porto Norte Capixaba, em São Mateus. Veja detalhes sobre cada um no fim da matéria.

O complexo portuário capixaba conta ainda com dois terminais de barcaças, um da ArcelorMittal Tubarão, na Serra, e outro da Suzano, em Aracruz. Há ainda vários terminais especializados, como o Terminal Vila Velha, na região de Capuaba, que é arrendado pela Log-In para movimentação de contêineres; e terminais de combustíveis da Petrobras em Vitória e Aracruz.

Os motivos de tantos portos para uma faixa litorânea tão pequena são basicamente três. O primeiro, como destaca o próprio Gurgel, são as grandes indústrias: “Temos aqui a presença de grandes projetos industriais que são competitivos justamente por terem seus próprios terminais. Como é o caso do próprio Complexo do Tubarão (Vale e ArcelorMittal), da antiga Aracruz Celulose (hoje Suzano) e da Samarco”.

O segundo, aponta o executivo de Defesa de Interesses da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Luis Claudio Montenegro, passa pela excelente localização geográfica do Estado, próximo dos maiores centros produtores e consumidores brasileiros, e com condições favoráveis. “Estamos perto de tudo e não temos o problema de trânsito que tem em São Paulo, ou a dificuldade com segurança que tem no Rio de Janeiro. Isso são diferenciais que atraem negócios”.

Já o terceiro item, segundo ele, se deve à infraestrutura, com destaque para o Corredor Centro-Leste, que liga o Estado pelo modal ferroviário ao Centro-Oeste brasileiro. É justamente esse ponto logístico, segundo ele, que ainda é um gargalo a ser superado para aumentar ainda mais a competitividade dos portos e empresas capixabas.

“A gente tem um potencial enorme que, se conseguirmos desenvolver a nossa infraestrutura, isso vai se refletir também nos portos. O Espírito Santo tem grandes desafios e oportunidades para viabilizar mais investimentos em ferrovias, rodovias, portos e na criação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Esse é um olhar para o futuro que o Estado começou a ter para brigar por esses empreendimentos”, diz Montenegro.

O consultor em Inovação Evandro Milet, que atuou na viabilização do livro, destacou que o Espírito Santo tem uma verdadeira vocação para o setor portuário. Mas, para explorar ainda mais isso, precisa de investimentos em outras áreas, como em ferrovias.

“O governo renovou a concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas e colocou a previsão da Vale fazer a ferrovia ir até Anchieta. Isso é bom porque vai ajudar o porto da Samarco e vai viabilizar uma indústria de HBI (fabricado a partir de pelotas de minério) no Sul. Mas temos que fazer ela chegar até Presidente Kennedy, até o Porto Central, que é um projeto grandioso que também precisa dessa conexão.”

Milet cita ainda investimentos para fazer o Estado ampliar sua exportação de produtos do agronegócio.

“A perspectiva mundial é que o Brasil tenha uma produção de grãos muito maior nos próximos, então vamos precisar de mais portos e também de ligação ferroviária para isso”

MODERNIZAÇÃO

Além dos novos projetos portuários de grande porte esperados para o Espírito Santo, os portos já existentes também estão tirando projetos de modernização e ampliação para se manterem eficientes e relevantes na economia capixaba.

É o caso, por exemplo, de Portocel, especializado no embarque de celulose e de produtos florestais e que movimenta ainda diversos tipos de cargas gerais, que vai poder receber navios maiores e com calado mais profundo. Com uma autorização recebida no fim de 2020 pela Capitania dos Portos, o terminal localizado em Aracruz poderá movimentar embarcações com maior capacidade de cargas.

Segundo o diretor do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Marcos Kneip, que estava como secretário de Desenvolvimento do Estado até março, há ainda um estudo para expansão de Portocel. “É um porto que já existe e que é muito eficiente, e que eles querem trabalhar outras cargas e têm projeto para mais quatro berços”, conta.

Há ainda investimentos em andamento pela Vale para modernização do Porto de Tubarão, para aumentar a eficiência competitiva e reduzir danos ambientais. Há a previsão de implantar 156 mil m² de pavimentação e sistema de drenagem, além do fechamento de 40 km de correias transportadoras de minério

O pacote prevê investimentos da ordem R$ 2,4 bilhões no complexo portuário localizado na Capital, somados a outros R$ 1,6 bilhão em investimentos ambientais, ferroviários e na área de pelotização, o que deve gerar 1,5 mil empregos até 2025.

Já o Porto de Ubu, em Anchieta, ganhará uma ligação ferroviária com a construção do ramal da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) até a cidade. A obra está prevista no novo contrato de concessão da ferrovia como um investimento adicional que a Vale terá que fazer, permitindo chegar mais minério e outras cargas ao porto, que possui um calado de 18 metros.

A Codesa, que em 2020 entregou as obras do novo Cais de Atalaia, também se prepara para receber grandes investimentos com seu processo de desestatização pelo governo federal, com leilão previsto para o final do ano. São esperados R$ 1,6 bilhão em investimentos nos Portos de Vitória e Barra do Riacho.

Também está prestes a ir para as mãos da iniciativa privada o Terminal Norte Capixaba, em São Mateus, que foi colocado à venda pela Petrobras em 2020 juntamente com um pacote de campos de petróleo em terra, gasodutos e oleodutos localizados no Espírito Santo. A expectativa é que a saída da estatal da área possibilite investimentos para aumentar a produtividade.

OS PORTOS DO ESPÍRITO SANTO E SUAS ESTRUTURAS

Porto de Vitória (Codesa)

Cais Comercial de Vitória: opera carga geral, veículos, granito, produtos siderúrgicos e apoio logístico offshore.

Cais de Capuaba: escoa grãos como soja, trigo e farelo, mármore, granito e carga geral.

Cais de Paul: opera granéis sólidos, produtos siderúrgicos, carga geral e ferro gusa.

Cais do Atalaia: movimenta granéis líquidos e sólidos, como trigo, malte, fertilizantes, ferro gusa e carga geral.

Terminal de Granéis Líquidos (TGL): opera derivados de petróleo.

Terminal Vila Velha (TVV): especializado em contêineres e arrendado à Log-In.

Companhia Portuária de Vila Velha (CPVV): terminal de apoio às operações offshore de exploração e produção de petróleo arrendado à CPVV.

Terminais da Technip FMC/Flexibrás: apoio às operações offshore e transporte de tubos flexíveis.

Porto de Tubarão

Terminal de Tubarão: exportação de minério e pelotas da Vale

Terminal de Granéis Líquidos (TGL): movimentação de derivados do petróleo da Petrobras.

Terminal de Produtos Diversos (TPD): embarque de grãos e fertilizantes. É agenciado pela VLI.

Porto de Praia Mole

Terminal de Produtos Siderúrgicos (TPS): movimenta aço, ferro gusa, mármore/granito e veículos, sendo operado pelo consórcio ArcelorMittal Tubarão, Usiminas e Gerdau Açominas.

Terminal de Carvão de Praia Mole: especializado em operações de descarga de navios com carvão, coque e antracito e operado pela Vale.

Terminal de Barcaças Oceânicas: movimenta bobinas de aço da ArcelorMittal Tubarão por cabotagem.

Porto de Ubu

Terminal Marítimo Ponta de Ubu: movimenta pelotas, minério de ferro, granéis sólidos e carga geral para a Samarco.

Porto de Barra do Riacho

Portocel: especializado no embarque de produtos florestais como celulose e papel, de propriedade da Suzano e da Cenibra, sendo operado pela Suzano.

Terminal de Barcaças: realiza o transporte de madeira entre o Sul da Bahia e Aracruz para uso na fábrica da Suzano.

Terminal Aquaviário de Barra do Riacho: movimenta gás liquefeito de petróleo (GLP) e gasolina natural da Petrobras, sendo operado pela Transpetro.

Terminal greenfield: espaço público em fase de desenvolvimento, atualmente sem operação, de propriedade da Codesa.

Porto Norte Capixaba

Terminal Norte Capixaba: escoa o petróleo dos campos terrestres do Estado por navios atracados em monoboia.

Pertence à Petrobras e é operado pela Transpetro.

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