Fonte: Sindigás
A crítica situação hídrica no país, que vê o volume dos reservatórios afundarem a níveis prévios à crise de 2015, já teve como resultado o aumento na conta de luz e blecautes em várias regiões do Brasil, o que reacende temores de um apagão em maiores proporções. De acordo com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) há 91 anos não se via tão pouca água. Já o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), emitiu alertas de que a estiagem deverá provocar o quase esvaziamento, até novembro, de oito reservatórios de usinas hidrelétricas.
Diante desse cenário, o questionamento que se coloca é: “Por que não ampliar as possibilidades de oferta de energia elétrica com formas alternativas de geração e contar com soluções standby para momentos críticos?” Além de responderem com eficiência energética, tais medidas apresentam viabilidade econômica e ambiental.
Embora a matriz energética brasileira seja limpa, com alto percentual de fontes renováveis, ainda é extremamente dependente de chuvas, o que a deixa vulnerável. E o GLP poderia perfeitamente aliviar a escassez no setor elétrico, desempenhando um papel importante em situações emergenciais, em sistemas back-up de geração própria. Diminuiria pressões sobre as linhas de transmissão e distribuição, especialmente por ser um combustível eficiente, limpo e de alta capilaridade, visto que está presente em 100% dos municípios brasileiros.
No entanto, atualmente é proibido o uso do gás LP para a geração de energia elétrica, tampouco em motores, turbinas e caldeiras. Essa restrição priva o setor industrial brasileiro de ter como aliado um produto competitivo em preço e disponibilidade de logística, que é grande no nosso país. O risco de centenas de fábricas ficarem sem energia para mover suas máquinas e manter suas plantas em plena operação é concreto, existe.
E a solução também existe, está nas mãos da ANP. Cabe a ela expandir a permissão para utilizar o GLP em novas áreas. Há muito tempo o setor reivindica pelo término das restrições e as mudanças que vêm ocorrendo no mercado mundial do combustível, somadas à atual crise hídrica, representam um bom momento para o Brasil decidir alterar seus critérios para permitir novas aplicações deste importante energético.
Sergio Bandeira de Mello – Presidente do Sindigás