Fonte: Correio do Povo / Imagem: Correio do Povo
O gás de cozinha atingiu pela primeira vez preço médio acima de R$ 100 no País. Inscritos em programas sociais devem receber vale-gás de 50% do valor do botijão.
Com o petróleo ultrapassando U$ 80 o barril e o dólar testando novas máximas diariamente, o gás de cozinha atingiu pela primeira vez preço médio em todo o País acima de R$ 100, enquanto a gasolina subiu 3,3% em apenas uma semana, refletindo os recentes aumentos da Petrobras, que elevou os dois combustíveis em 7,2% nas refinarias no dia 9 de outubro.
Ontem, o Senado aprovou a criação do vale-gás. De acordo com a proposta, quem estiver inscrito nos programas sociais do governo terá direito a um subsídio de no mínimo 50% do valor do botijão de 13 quilos e a diferença será bancada pelo governo federal. A proposta havia sido aprovada na Câmara e dependerá agora de uma nova votação entre os deputados, pois houve mudanças.
Enquanto a ajuda não vem, o preço médio do botijão de 13 quilos no País continua a subir, conforme pesquisa feita pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A região Norte é a que tem o valor médio mais alto, a R$ 106,10. No Centro-oeste o consumidor paga R$ 105,40 e, no Sul, R$ 103,67. No Sudeste, o preço médio ficou em R$ 98,86 e, no Nordeste, em R$ 98,34. Na média, o produto ficou em R$ 100,44 no País. No ano, o botijão de 13 quilos já subiu 89%.
A gasolina também avançou após o aumento anunciado pela Petrobras, com o preço médio do litro pulando de R$ 6,117 para R$ 6,321 de uma semana para outra, alta de 3,3%. O preço mais alto da gasolina continua sendo registrado em Bagé, no Rio Grande do Sul, a R$ 7,499 o litro, e o mais baixo foi encontrado a R$ 5,299 em Cotia, São Paulo. Já o preço do diesel se manteve praticamente estável na semana passada, com o preço médio subindo 0,3% em relação ao da semana anterior, para R$ 4,976 o litro.
Para o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), Matheus Peçanha, os combustíveis continuarão pressionados enquanto continuar a restrição da produção de petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e o câmbio permanecer elevado.
“Ano que vem é ano eleitoral e o câmbio pode subir mais, é um fator de risco. No curto prazo, a única solução é apagar incêndios, porque a alta, principalmente do gás de cozinha, gera caos social”, afirmou.
ALTA GLOBAL. De acordo com o presidente do Sindigás, sindicato que reúne as distribuidoras de GLP, Sergio Bandeira de Mello, o vale-gás pode ajudar a resolver o problema, mas a questão é global. Ele diz que, assim como outras commodities, o preço do GLP é pressionado pela retomada da economia. No Brasil, destaca, o problema fica mais grave por conta da desvalorização cambial e a queda de renda do brasileiro, mas Europa e Estados Unidos também já estão sentindo o impacto dessa elevação. “Existe uma onda que não tem como conter. Não existe uma solução simples para a alta dos preços no mundo inteiro.”
Aumentos sem fim Neste ano, o botijão de 13 quilos de gás de cozinha já subiu 89%