Fonte: EPBR / imagem: Câmara dos deputados

No final de 2018, Adriano Pires, indicado nesta segunda (28) pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para comandar a Petrobras, foi indicado pelo ex-presidente Michel Temer para ocupar uma vaga no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão que assessora o presidente da República na criação de regras e diretrizes para os mercados de petróleo, gás, energia e combustíveis.

Pires, contudo, acabou renunciando ao cargo no começo da gestão de Bento Albuquerque, já no governo Bolsonaro, depois que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a anulação das nomeações dele, de Plínio Nastari e de Carlos Quintella.

A representação foi proposta pelo procurador Júlio Marcelo de Oliveira, responsável pelo processo que culminou nas chamadas “pedaladas fiscais” e levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

O procurador apontou a existência de “evidente conflito de interesses entre as atividades privadas que cada um deles exerce”, porque os consultores atuam no setor privado e tem suas atividades impactadas pelas decisões do CNPE.

Em sua carta de renúncia, Adriano Pires afirmou que aceitou o convite de Moreira Franco, ministro de Minas e Energia de Temer, “pensando que seria uma oportunidade de ajudar o setor de energia e o país” em um governo que “tem toda a minha simpatia e apoio”.

Atribui seu pedido de desligamento a motivos de “ordem estritamente pessoal” e agradeceu a indicação.

Foi assessor do Diretor-Geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de ter exercido os cargos de Superintendente de Abastecimento e de Importação e Exportação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural.

É um dos idealizadores do Fundo de Expansão dos Gasodutos de Transporte e Escoamento da Produção (Brasduto), um plano para financiar a construção de gasodutos no Brasil, que chegou a ser aprovado no Congresso Nacional em 2019, mas foi vetado por Bolsonaro.

Adriano Pires e sua consultoria, a CBIE, atuaram a favor da aprovação da MP da Eletrobras com a construção obrigatória de 8GW de térmicas, boa parte em locais sem gasodutos — um dos objetivos é contratar a expansão dessa infraestrutura.

O consultor também prestou serviços para a Comgás, distribuidora do grupo Cosan, em discussões regulatórias na Arsesp, agência estadual de São Paulo.

Em 2021, classificou como “gol contra” a oposição do Ministério da Economia de Paulo Guedes à renovação antecipada do contrato de concessão da Comgás. Opinião manifestada em artigo no Poder360.

Procurado pela epbr, o consultor não respondeu imediatamente durante esta cobertura. O espaço segue aberto.

Segundo o MME, Adriano Pires Rodrigues atua por meio do CBIE “coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural”.

Foi professor adjunto do programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ.

Bolsonaro demite Silva e Luna

O Ministério de Minas e Energia (MME) confirmou nesta segunda (28) a retirada de Joaquim Silva e Luna das indicações para o conselho de administração da Petrobras. A intenção é demitir o general do comando da estatal. Para o lugar de Silva e Luna, foi indicado Adriano Pires.

A demissão de Silva e Luna foi publicada mais cedo pela Veja.

O general foi escolhido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para substituir Roberto Castello Branco (indicado por Paulo Guedes) em 2021, também em meio a uma crise desencadeada por aumentos nos preços da Petrobras.

A diferença é que Castello Branco encerrava seu mandato de dois anos e, por decisão de Jair Bolsonaro (PL), não foi reconduzido.

Silva e Luna, contudo, foi eleito presidente da Petrobras até 2023.

Como as regras de governança da estatal exigem que o presidente da companhia seja membro do Conselho de Administração (CA), a saída de Bolsonaro para demitir o general foi retirar seu nome da lista de indicados para a próxima assembleia, marcada para os dias 13 e 14 de abril.

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