Fonte: O Tempo / imagem: Cristiane Mattos

Em nova pesquisa divulgada nesta quarta (27), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou que o preço médio do gás de cozinha no Brasil é de R$ 113,48. Com o salário mínimo de R$ 1.212, o GLP representa 9,36% do valor mais baixo dos vencimentos no País.

Esse é o maior patamar de representação do gás sobre o salário mínimo desde março de 2007, quando o botijão custava R$ 33,06 e o vencimento mais baixo era de R$ 350 – 9,44%. Os dados são do Observatório Social da Petrobras.

Os dados mostram que o gás de cozinha já tinha alcançado, em março último, o maior preço médio real da série histórica – que tem início em julho de 2001. Naquele mês, o preço bateu R$ 113,24. Antes disso, o recorde tinha sido registrado em novembro de 2021, com o preço médio de R$ 102,60.

Segundo o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), o gás de cozinha voltou a comprometer o salário mínimo a partir do governo Michel Temer (MDB).

“Nesses 15 anos, com a manutenção do preço do gás de cozinha e a valorização do salário mínimo essa proporção foi caindo, mas houve uma inversão em 2017 com a alta dos valores do GLP e o aumento real do salário mínimo”, ressalta.

Essa mudança de cenário, completa o economista, trouxe um primeiro efeito imediato, que foi o crescimento do uso de lenha pelas famílias brasileiras.

“Entre os anos de 2013 e 2016, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a população consumia mais GLP do que lenha. Mas a partir de 2017, a lenha voltou a ser mais utilizada do que o gás de cozinha nas residências do país. E, em 2020, esse consumo já era 7% maior do que o de GLP”, afirma.

ICMS, contrabando e frete

Na semana passada, O TEMPO conversou com exclusividade com o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sérgio Bandeira de Mello. Ele disse que o imposto cobrado sobre o gás é o que mais puxa o preço de revenda em Minas.

“Você tem em Minas a maior alíquota (do Sudeste), de 18%. São Paulo está com 13,3%, e o Rio de Janeiro está com 12%. Isso cria alguns problemas. Você tem um aumento do custo para a população, mas imagino que o Estado tenha uma explicação para isso. O ICMS sobre o botijão de gás é incompatível à importância social do produto”, disse.

Além do ICMS, o Sindigás esclarece que o fato de o Estado ser muito grande faz o preço do gás de cozinha variar bastante entre as cidades.

Por exemplo, as prefeituras mais próximas de Betim, na Grande BH, tendem a ter um gás mais barato por conta da proximidade da Refinaria Gabriel Passos (Regap). O processo inverso acontece com municípios que dependem da aquisição de gás de outros estados.

Um último fator que atrapalha é o contrabando. De acordo com os revendedores de gás, a alíquota elevada de impostos sobre o botijão em Minas faz com que algumas empresas próximas do Rio e de São Paulo comprem o produto além da divisa, onde o ICMS é mais barato, para lucrar.

Categorias: DestaqueNotícias

Copyright © 2016 - Sindigas - www.sindigas.org.br — Todos os direitos reservados - Política de Privacidade