Fonte: Diário do Grande ABC – Impresso / imagem: Reuters
A Petrobras comunicou que o diesel terá alta de 8, 87% a partir de hoje. O preço médio do litro nas refinarias passará de R$4, 51 para R$ 4, 91. No início de março, o valor subiu 24, 9%, o que, de acordo com a empresa, foi o último reajuste até o anúncio de ontem. Com essa medida, as empresas de transporte também serão impactadas, assim como os consumidores. Aumento vai afetar preços de mercadorias e gerar inflação.
Em nota, a Petrobras frisou que os estoques globais estão com redução de oferta de diesel e esse cenário pressiona a elevação nos valores em todo o planeta.
O combustível representa cerca de 50% dos gastos das companhias de transporte coletivo do Grande ABC. “É difícil para essas empresas se manterem, já que não há alteração no valor da tarifa. Elas passam por sérios empecilhos”, afirma o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Grande ABC), Roberto Leandrini.
“Atualmente muitas transportadoras não têm nenhum veículo movido a outro tipo de combustível”, explica Adriano Depentor, presidente do conselho superior e de administração do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região). De acordo com ele, o diesel corresponde entre 35% e 45% do custo das operações de indústrias de carga. “Essa variação do mercado que encarece o combustível faz com que a operação de transporte também seja mais cara. Ainda estamos nos recuperando dos efeitos da pandemia e da falta de peças essenciais. Neste período, poucas empresas conseguem renegociar os fretes. ”
Além da guerra entre Rússia e Ucrânia, o economista Josilmar Cordenonssi, professor do CCSA (Centro de Ciências Sociais e Aplicadas) da Universidade Mackenzie, ressalta que o principal motivo do acréscimo é a cotação em dólar do petróleo e derivados. “Como o diesel é o principal combustível para os meios de transporte de carga, o aumento deste combustível pressiona os custos de todas as mercadorias que precisam ser transportadas. Também é usado em muitas usinas termelétricas, que podem provocar reajuste de energia elétrica no futuro, especialmente se houver menos chuvas que o esperado nos próximos meses”, afirma.
Ele reforça que o Brasil tem uma grande dependência ao diesel para movimentar a economia nacional. “Esse reajuste tende a impactar no preço de praticamente todos os produtos. ”
REPASSES
A Petrobras considera obrigatória a mistura de 90% de diesel “A’ com 10% de biodiesel. O total repassado para a petroleira foi de R$ 4, 06, em média, para R$ 4, 42 a cada litro comercializado.
Na semana do dia 1º a 7 de maio, o diesel no Estado de São Paulo estava com preço médio de R$ 6, 62. Diadema ficou em R$ 6, 23; Ribeirão Pires, R$ 6, 49; Santo André, R$ 6, 47; São Bernardo, R$ 6, 29; São Caetano, R$ 6, 64; Mauá, com média de R$ 6, 48. O levantamento é da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
“Uns revendedores repassam (o aumento) com preços mais baixos, outros mais altos. Fatores como aluguel do espaço e número de funcionários pesam a planilha de custos dos proprietários dos postos, gerando essas distinções”, diz Leandrini.
IMPACTO GERAL. Postos de combustíveis da região vão repassar os aumentos para o consumidor; sindicato diz que não tem como absorver