Fonte: A Tarde / imagem: Acelen

Temos mais uma demonstração incontestável do equívoco e da gravidade da política do governo Bolsonaro de privatização de refinarias da Petrobrás. A mentira de que a venda de ativos da maior empresa do país aumentaria a competitividade e, consequentemente, levaria a reduções de preços de derivados, é, mais uma vez, denunciada pela realidade.

A Acelen, do fundo árabe Mubadala, que administra a refinaria de Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves (Ralam), na Bahia, aumentou a gasolina em 8,7% e o diesel em até 11,5% no estado. O reajuste passou a valer a partir deste sábado, 8.

Com isso, a Bahia tem combustível mais caro do Brasil, repetindo a posição que conquistou logo após a privatização da Rlam, em final de 2021. Três meses depois, em março de 2022, já exibia aumentos exorbitantes nos preços dos produtos aos consumidores do Nordeste.A gasolina do estado baiano chegou a ser 15% mais cara que o preço médio nacional do produto apurado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). No diesel, o preço ficou 20% maior que a média do país..

Por trás dos reajustes abusivos está a nefasta política de preço de paridade de importação (PPI), mantido por Bolsonaro, que segue a cotação internacional do petróleo, a variação cambial e custos de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo. Ou seja, produzimos internamente, em reais, o petróleo que consumimos, mas com o PPI, o brasileiro paga preços dolarizados ao adquirir combustíveis, entre eles o gás de cozinha.

Além disso, conforme alerta pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o país poderá ter apagão de combustíveis, pois, com as privatizações, a Petrobrás deixa de responder pela coordenação do abastecimento. Já vimos isso acontecer há poucos dias, quando a refinaria do Amazonas (Reman), também privatizada, sofreu desabastecimento de petróleo.

Ao vender a Rlam, a primeira refinaria do Brasil, a direção bolsonarista da Petrobrás estimulou a criação de monopólio privado regional, que só beneficia o investidor estrangeiro. O benefício foi logo na partida, quando a Rlam e toda a sua logística de transporte, com dutos e terminais, foram comprados a preços de banana, quase 50% abaixo do valor de mercado, segundo do Ineep.

Também o mercado financeiro, por meio do BTG Pactual e XP, concluiu que o valor de venda, de US$ 1,6 bilhão, estava depreciado. Estudos internos da própria Petrobrás chegaram a avaliar a refinaria baiana em US$ 3 bilhões. Ou seja, um ativo de tal importância, estratégico, responsável pelo abastecimento de combustíveis da região Nordeste, foi liquidado.

A política do PPI só contribui para lucros e ganhos recordes em dividendos a acionistas da Petrobrás – sobretudo acionistas privados estrangeiros -, e para deixar os brasileiros reféns da carestia.

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