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A decisão da Opep de reduzir drasticamente a produção de petróleo ameaça empurrar os preços para níveis que levam a economia global à recessão, alertou a Agência Internacional de Energia (AIE).

“O corte maciço no fornecimento de petróleo da OPEP aumenta os riscos de segurança energética em todo o mundo”, com “resultantes níveis mais altos de preços exacerbando a volatilidade do mercado”, disse a AIE em seu relatório mensal. “Os preços do petróleo podem ser o ponto de desvio para uma economia global já à beira da recessão.”

É uma repreensão extraordinariamente forte da agência com sede em Paris, que aconselha a maioria das principais economias sobre política energética. A AIE reduziu as previsões de crescimento da demanda global de petróleo para o próximo ano em 470 mil barris por dia — ou cerca de 20% — por causa de “ventos contrários econômicos mais fortes” que vão da inflação às taxas de juros mais altas.

Na semana passada, os contratos futuros do petróleo subiram brevemente, quando a Arábia Saudita e seus parceiros anunciaram um corte substancial na produção de 2 milhões de barris por dia, ignorando as súplicas de consumidores da commoditie, como é o caso dos Estados Unidos.

Desde então, os preços caíram um pouco, mas permanecem acima de US$ 90 o barril em Londres. Às 8h11 desta quinta-feira (horário de Brasília), o barril do Brent, nos contratos de dezembro, avançavam 0,15%, sendo negociado a US$ 92,60. Já o barril do tipo Texas (WTI), referência nos EUA, subia 0,11%, a US$ 87,38.

O presidente Joe Biden criticou ferozmente a decisão de Riad, acusando o reino de ajudar a Rússia, produtora de petróleo, enquanto trava guerra contra a Ucrânia. Ele disse que reavaliaria o relacionamento diplomático de décadas dos Estados Unidos com os sauditas.

A decisão da Opep “reduzirá drasticamente um aumento muito necessário nos estoques de petróleo durante o resto deste ano e no primeiro semestre de 2023”, acrescentou a AIE. Os estoques nos países desenvolvidos estão 243 milhões de barris abaixo da média de cinco anos.

Um cenário de “extrema incerteza econômica”

A Arábia Saudita e outros membros da aliança de 23 países responderam que os cortes de oferta eram necessários diante da extrema incerteza econômica. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou na terça-feira que o pior da atual turbulência “ainda está por vir”.

O consumo global de petróleo aumentará em 2023 em 1,7 milhão de barris por dia, abaixo da previsão de 2,1 milhões no relatório do mês passado, segundo a agência. Este ano, a demanda aumentará em 1,9 milhão de barris por dia, para uma média de 99,6 milhões por dia.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros provavelmente implementarão apenas metade do corte anunciado de dois milhões de barris, porque a produção na maioria dos países membros já está muito abaixo das metas atribuídas, alerta a agência de energia.

Ainda assim, a oferta global pode sofrer um novo impacto nos próximos meses, à medida que a União Europeia proibir as importações de petróleo russo, previu a agência. As exportações de petróleo do país caíram 230 mil barris por dia para 7,5 milhões/dia em setembro, segundo estimativas da AIE.

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