Fonte: Sindigás

A pesquisa, apresentada durante o webinar “Mulheres no Setor de GLP”, aponta os desafios e as oportunidades para equidade de gêneros

Apesar da participação equilibrada entre os respondentes homens (47%) e mulheres (53%) na força de trabalho do setor de GLP, a pesquisa WINLPG Brasil sinalizou que faltam políticas práticas de ascensão da mulher para cargos de liderança, além da criação de oportunidades de diversidade e inclusão dentro das empresas. Dentre 788 mulheres que responderam o estudo, a maioria é branca e apenas 9,1% se identificaram como negras; 90% têm ensino superior ou mais; 30% trabalham há mais de 10 anos no setor de GLP, e 76% não ocupam cargo de gestão. Os dados foram apresentados durante o webinar “Mulheres no Setor de GLP”, uma parceria entre Sindigás, AIGLP e Women in LPG – WINLPG, no dia 25 de outubro, na página da agência de notícias EPBR, apoiadora do evento, no YouTube.

Para o debate, foram convidadas a coordenadora da WINLPG no Brasil e diretora de RH da Supergasbras, Gloria Castro; a Global Chair WINLPG/WLPGA e gerente de Desenvolvimento, Inovação e Projetos da Abastible, Paula Frigerio; a sócia-fundadora da Petres Energia e co-criadora do projeto “Sim, elas existem” e do “EmpodereC”, Renata Isfer; e a diretora-executiva corporativa do IBP, Fernanda Delgado. O debate foi mediado pela jornalista, Larissa Fafá.

Entre os principais highlights da pesquisa, Castro destacou o avanço no universo de equidade de gênero no segmento como um todo, mas apontou desafios e oportunidades: “Temos um caminho a ser trabalhado na inclusão e diversidade quando verificamos que, apesar de terem um nível de escolaridade alto e tempo de empresa, quase 80% não ocupam cargo de liderança. É necessário sair da teoria e ir para prática”, destacou a coordenadora da WINLPG no Brasil.

Para Gloria Castro, a pesquisa confirmou a percepção das líderes de Recursos Humanos do setor de GLP de que se deve trazer para prática ações para fomentar a equidade do gênero. “Se cada uma de nós ocuparmos esse lugar na sociedade, entendendo que o lugar de mulher é onde ela quiser, conseguimos motivar mais mulheres e conquistarmos muito mais. Somos uma rede de apoio, estamos abertos e queremos mudar essa realidade. Cada um de nós pode contribuir. Não é um trabalho de uma pessoa só. Precisa da colaboração de todos”, pontuou Castro.

Paula Frigerio trouxe um panorama da mulher no mundo:  50% das mulheres estão no mercado de trabalho, mas são duas vezes mais propensas a desistir da carreira do que os homens. O setor de petróleo e gás é o que tem menor participação da mulher com 22%, atrás apenas dos setores de construção e de agricultura. “Em torno de 90% das empresas proclamam a equidade de gênero, mas como trazer isso para realidade? É preciso ter ações mais concretas. Os programas de diversidade e inclusão social impactam na motivação dos funcionários, melhoram a imagem da marca e aumentam o desempenho financeiro”, sinalizou Frigerio, que acrescentou: “As empresas precisam dar oportunidade, identificar as mulheres competentes. Por sua vez, as mulheres precisam entender que não precisam se limitar e mudar, assim, o viés inconsciente enraizado pela sociedade. Temos que jogar a nosso interesse. Devemos atrair, reter e desenvolver mulheres para ingressar na indústria do GLP.”

A co-criadora do projeto “Sim, elas existem” apontou para um dado do levantamento que mostra que algumas mulheres não percebem a diferença de oportunidades. “Elas acreditam que é normal. As mulheres têm a segunda e a terceira jornada. Por que somos multitasks? Tivemos que ser, já que a responsabilidade da casa ficou embutida pela cultura social para mulher. É a sobrecarga que se impõe às mulheres por estarmos no mercado de trabalho. Não queremos reforçar os estereótipos, queremos mudar esse paradigma. É preciso identificar quais as necessidades que as mulheres precisam suprir para crescer no ambiente de trabalho. Os homens têm que estar juntos nessa luta. As mulheres têm que estar juntas, têm que apoiar, ter sororidade”, frisou Renata Isfer.

Já Fernanda Delgado chamou atenção para a cultura machista enraizada na sociedade a qual as mulheres são expostas no mundo corporativo. “Sempre precisamos provar a nossa competência, mesmo sendo uma executiva de sucesso, e muitas vezes ouvimos justificativas que nada têm a ver com o nosso trabalho ou desempenho. A diversidade, que precisa ser comprada pela alta liderança da empresa, tem que ser uma prioridade estratégica, e não apenas um cartaz bonito. Tem que se certificar de que não tem um viés inconsciente de diferença de gêneros. Vincular KPIs dos grupos de trabalho e criar ambientes mais inclusivos e mais plurais”, indicou a diretora-executiva corporativa do IBP, que ainda fez uma convocação: “Vamos contratar mulheres, reverenciar mulheres. Quem salva uma mulher, salva todas. O vetor tem que ser progressivo, o caminho está traçado, vamos perseverar, sem esmorecer”.

Estudo da WINLPG Brasil

De metodologia quantitativa, a pesquisa, realizada em setembro de 2022, teve por objetivo compreender os desafios da mulher no setor de GLP, com percepções sobre desafios e oportunidades. Seu público-alvo foram os colaboradores, homens e mulheres, das empresas associadas ao Sindigás, que juntas representam quase 100% do setor no Brasil. Assim, o estudo teve abrangência nacional, com 1.483 respostas válidas (de 1.535 colaboradores), sendo 788 identificadas como mulheres. A realização da pesquisa seguiu as normas da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

O estudo detalhou os perfis pessoal e acadêmico/profissional, as questões de gênero, e os insights. Dentre os insights, estão cinco ações principais para o alcance da equidade de gênero: melhorias no ambiente de trabalho; comunicação transparente e ações que saiam do papel (teoria x prática); orientação das mulheres oportunizando planejamento pessoal de como alcançarem o topo da carreira; ampliação da quantidade de mulheres em cargos de liderança ou com mais desafios; e criação de benefícios que suportem a inserção da mulher no mercado de trabalho.

A partir do resultado consolidado (homens/mulheres), destaca-se a importância de fomentar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; tratamento igualitário entre homens e mulheres; remuneração condizente com o cargo, independentemente do gênero; e designação de mulheres para cargos de liderança/alto desafio.

WINLPG Brasil

A WINLPG é uma rede global que apoia as mulheres na indústria de GLP, dando suporte para que mulheres compartilhem as melhores práticas no mundo corporativo. A WINLPG tem quatro pilares: apoiar e reter; promoção e advocacia; educação; encorajamento e desenvolvimento. Em março, durante o Congresso da Associação Iberoamericana de Gás Liquefeito de Petróleo (AIGLP), o Sindigás assinou documento da WINLPG que define o compromisso do setor de GLP no Brasil em contribuir para o ingresso da mulher na indústria do Gás Liquefeito do Petróleo.

No Brasil, as atividades propostas são, entre outras, proposição e acordo de metas; engajamento dentro das companhias; uso da rede de apoio; e sessões de troca de conhecimentos. A missão da WINLPG Brasil é incentivar, de forma ética e transparente, a equidade de gênero, conscientizando sobre a necessidade de respeito às diferenças e a importância da igualdade de direitos, com disseminação de boas práticas no setor.

 

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