Fonte: O Povo / imagem: CJJ
Mesmo com a Petrobras reduzindo o preço do gás de cozinha (GLP) vendido às distribuidoras, em 5,28%, o preço do botijão vendido aos consumidores segue com preço estável no Ceará.
Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apurados entre os dias 20 e 26 de novembro, revelam que os preços variam entre R$ 99,99 e R$ 125, idêntico ao período anterior ao reajuste, mesmo após a quarta redução consecutiva anunciada pela estatal no GLP.
Desde o último dia 17/11, o preço médio do GLP passou de R$ 3,7842/kg para R$ 3,5842/kg. Com isso, o botijão de 13 quilos, que é o mais consumido pelas famílias e alguns comércios, caiu R$ 2,60 no início da cadeia.
Porém, outros fatores compõem o preço que se paga ao comprar o botijão, como transporte e distribuição.
Para se entender melhor, O POVO consultou seis pontos de venda, em bairros diferentes de Fortaleza, para saber por quanto está sendo vendido o gás de cozinha e o botijão não sai por menos de R$ 115 à vista (confira os bairros e valores abaixo).
No cartão de crédito, o produto sobe até R$ 10, passando para R$ 125 e, em um local, esse valor pode ser parcelado em até 3 vezes – o que demonstra a dificuldade que alguns consumidores estão passando, tendo que parcelar o valor do botijão de gás para continuar fazendo suas refeições.
Veja quanto exemplos de preço do botijão em Fortaleza
Cambeba
Preço mínimo: 120 à vista
Preço máximo: 125 no cartão de crédito em até 3x
Conjunto Ceará
Preço mínimo: 115 à vista ou em 1x no cartão de crédito
Preço máximo: 120 no cartão de crédito em 2x
Joaquim Távora
Preço mínimo: 116 à vista
Preço máximo: 120 no cartão de crédito
Messejana
Preço mínimo: 115 à vista
Preço máximo: 118 no cartão de crédito
Papicu
Preço mínimo: 118 no dinheiro ou pix
Preço máximo: 125 no cartão de crédito
Parangaba
Preço mínimo: 117 à vista
Preço máximo: 122 no cartão de crédito
Ainda segundo os dados do Levantamento de Preços de Combustíveis da ANP, na semana entre 13 e 19 de novembro, o preço médio do GLP era de R$ 113,47. O efeito do reajuste da Petrobras pouco se fez notar na ponta da linha, uma vez que a média de preços se manteve estável, ainda que em pequena queda: R$ 113,25.
Na pesquisa divulgada pela ANP na semana anterior ao anúncio de redução de preços, entre 5 e 11 de novembro, o menor valor praticado na capital do Ceará era de R$ 105 e o maior já era o de R$ 125, encontrado pela reportagem.
A última vez que o valor do GLP havia sofrido alteração com queda foi no dia 22 de setembro. As outras duas reduções ocorreram uma em abril e outra no início de setembro. No início do ano, mais precisamente no mês de março, o gás de cozinha tinha sofrido um reajuste de 16,1%.
Qual o motivo do consumidor não perceber a redução no preço?
Segundo o consultor na área de Petróleo e Energia, Ricardo Pinheiro, com essas reduções feitas pela Petrobras, já era para se ter “a sensação de queda no preço na ponta, na venda”. Mas, ele lembra que a composição tem outros fatores que chegam a representar 50% do valor cobrado do consumidor, como distribuição, salários dos funcionários e aluguel dos pontos.
“Então, esses 5,3% acabam não sendo tão significativos lá na ponta, caso aconteçam outros aumentos que venham a anulá-lo ou mesmo a diminuí-lo.”
Com isso, Pinheiro aponta que um dos fatores que têm ocorrido é o aumento do óleo diesel nos últimos dois meses. “A distribuição é feita com veículos movidos a diesel, na sua grande maioria. A Petrobras vinha contendo o preço dos combustíveis por questões eleitoreiras, mas agora eles soltaram novamente e deverá ter mais aumento, já tem previsão de mais aumento em breve.”
Além disso, como outro fator que influencia no preço, o especialista aponta a baixa disponibilidade do GLP no Brasil. Ele lembra que aqui no Nordeste, por exemplo, a refinaria localizada na Bahia está com problemas e há falta de GLP.
“Com tudo isso, o revendedor acaba, por medida de segurança própria, segurando o preço para que, caso venha a acontecer alguma indisponibilidade do produto que ele vende, no caso o GLP, ele garanta a sua manutenção de caixa, mesmo com as despesas subindo. Normalmente no Brasil sempre foi assim, é muito rápido pra subir um preço, mas na hora de baixar, não baixa de imediato”, comenta Pinheiro. (Colaborou Samuel Pimentel)