Fonte: LinkedIn 

A polêmica sobre o banimento de fogões a gás nos Estados Unidos

Uma agência federal americana está considerando a possibilidade de proibir o uso de fogões a gás, por ser uma fonte de poluição interna ligada a asma infantil, de acordo com alguns estudos realizados.

E qual a situação no Brasil?

Nos EUA menos de 5% da população usa lenha como fonte de energia. O gás natural (GN) é o combustível mais usado para cozinhar correspondendo a mais de um terço dos lares americanos (>40 milhões). Por outro lado, no Brasil, em torno de 14 milhões de domicílios (~20%) ainda usavam lenha ou carvão para cozinhar em 2019, de acordo com a última pesquisa realizada pelo IBGE. A maioria dos domicílios brasileiros (98%) tem acesso ao fogão a gás, porém muitos não fazem uso por questões econômicas. Importante considerar dois fatores que diferenciam o uso de fogões a gás nos EUA e no Brasil: o tipo de combustível e o clima.

– Nos EUA, o combustível usado é o GN, composto principalmente pelo metano, um potente gás de efeito estufa. No Brasil, apenas os grandes centros urbanos possuem gás canalizado (GN) (8%), mas a maior demanda é o gás liquefeito de petróleo (GLP) (>90%), composto basicamente por propano e butano. Ambos os gases não causam o aumento do efeito estufa enquanto não forem queimados. O GN tem um agravante que são os vazamentos que vão desde a extração até a distribuição, o que resulta em aumenta do aquecimento global.

– Para reduzir a poluição do ar em ambientes internos, neste caso nas cozinhas, é importante manter uma boa ventilação ou exaustão. No caso do Brasil, por ter um clima basicamente tropical, os níveis de poluição podem ser minimizados pela ventilação natural. Por outro lado, os EUA por ter um clima mais frio, dificulta a troca de ar interno/externo, pelo fato dos ambientes passarem a maior parte do tempo fechados.

– Se houver boa ventilação e os fogões a gás estiverem bem regulados, evitando a queima incompleta que resulta no aumento dos níveis de poluentes, a exposição será mínima. No entanto, o risco sempre vai existir, pois qualquer atividade leva a produção de poluentes. O próprio ato de cozinhar libera partículas e compostos orgânicos voláteis (aqueles cheiros que sentimos quando um alimento está sendo preparado).

– Para o Brasil não valeria essa proibição, pois temos um problema ainda mais grave para resolver que é a redução do número de famílias de baixa renda que fazem uso de lenha para cozinhar. A lenha, quando queimada em fogões rudimentares, emite uma quantidade muito maior de poluentes e causa maiores danos à saúde do que o GLP ou o GN, assim como, para o clima.

– Precisamos de mais estudos e discussões com as áreas técnicas para que sejam tomadas as decisões corretas. Não podemos simplesmente copiar regulamentações de outros países sem verificar se se aplicam ao Brasil.


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