Fonte: EPBR / imagem: Waldemir Barreto / Agência Senado
O porte e a trajetória da Petrobras fazem com que ela ocupe, naturalmente, um papel de grande impulsionadora da transição energética no Brasil.
Em vídeo com o primeiro discurso após a posse, que aconteceu nesta quinta (26/1), o novo presidente da empresa, Jean Paul Prates, afirmou que esse é o lugar que a Petrobras deve ocupar na indústria nacional e que toda a trajetória será desenhada valorizando os empregados e garantindo a excelência em segurança operacional.
Mas defendeu também os investimentos em petróleo e gás e a busca por novas províncias produtoras de petróleo, com o aporte de recursos para a exploração de novas fronteiras, como a margem equatorial, de forma sustentável.
“E é pra isso que trabalharemos para que a Petrobras siga sua jornada na indústria de petróleo e gás, mas também trilhe novos caminhos perseguindo a descarbonização, acelerando a diversificação rentável e a transição energética justa”, afirmou.
Prates defendeu ainda investimentos no parque de refino da empresa, em bioprodutos e em projetos de energia renovável. Acredita que é o momento de a empresa buscar oportunidades e desenvolvê-las, tendo consciência da importância do seu papel na construção de um futuro mais sustentável para as novas gerações.
“Queremos que a Petrobras cresça e que o país cresça com ela, porque todos nós sabemos que essa companhia tem um efeito multiplicador na economia brasileira. A indústria do petróleo é intensiva em capital e na geração de empregos, devendo ser uma locomotiva do desenvolvimento do Brasil. Queremos uma Petrobras que se orgulhe de ser grande e de impulsionar todas as regiões e negócios onde atua”, afirmou.
Prates tomou posse nesta quinta
O conselho de administração da Petrobras elegeu nesta quinta (26/1), por unanimidade, Jean Paul Prates como presidente da estatal. A petroleira informou que o novo CEO da petroleira já tomou posse.
O senador petista foi indicado pelo presidente Lula para assumir a Petrobras no lugar de Caio Paes de Andrade — nomeado por Jair Bolsonaro (PL) e que renunciou para assumir a Secretaria de Gestão e Governo Digital na administração do novo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A empresa vinha sendo presidida interinamente, este mês, pelo diretor João Henrique Rittershaussen.
A renúncia de Paes de Andrade acelerou os trâmites para que Prates assumisse a presidência da companhia.
Desde a vitória de Lula, nas urnas, Prates era o principal nome cotado para assumir a Petrobras — uma conversa que começou no período pré-eleitoral, quando o senador exercia o papel de líder da minoria no Senado.
Prates integrou o subgrupo de óleo e gás do gabinete de transição.
Enquanto senador, Prates foi foi vice-presidente da Frente em Defesa da Petrobras e criticou o programa de venda de ativos da estatal, especialmente das refinarias. Ele defendeu, durante os trabalhos de transição, que a administração da petroleira interrompesse os desinvestimentos até a posse do novo governo.
Também defendeu a elevação dos investimentos da Petrobras. Cita a necessidade de reposição de reservas de óleo e gás, além da diversificação do portfólio, com foco em energias renováveis e novas tecnologias.
“Vejo a Petrobras como uma empresa que precisa olhar para o futuro e investir na transição energética para atender às necessidades do país, do planeta e da sociedade, além dos interesses de longo prazo de seus acionistas”, escreveu, em suas redes sociais, na ocasião de sua indicação.
Prates é contra, também, a política de preços de combustíveis da Petrobras — alinhada, desde o governo Michel Temer, ao preço de paridade de importação (PPI).
Ele diz que o PPI é uma “abstração” que ignora aspectos regionais de precificação. Defende que a política de preços de combustíveis é um assunto que cabe ao governo e que a precificação da companhia será alterada porque a política de preços do país mudará.
Mas nada disso, segundo ele, será feito imediatamente, em seus primeiros dias no comando da estatal.
Prates defende a criação de referências regionais, que levem em conta as particularidades locais, mas diz que não serão tomadas medidas de tabelamento de preços.
“O que quer dizer é que vamos parar de balizar o preço da porta da refinaria com o preço de um produto produzido em lugares completamente aleatórios, distantes, do mundo, mais frete e mais despesas de colocação num ponto A […] E a refinaria, estando do lado e podendo produzir a menos custo e mais uma margem muito confortável, comparável a qualquer empresa semelhante, que isso não possa ser praticado e ser considerado dumping”, comentou no início do mês.
Jean Paul Prates tem um histórico de atuação no setor de energia. Ele é advogado e economista, com mestrado em Planejamento Energético e Gestão Ambiental pela Universidade da Pennsylvania, nos EUA, e em Economia de Petróleo e Motores, pelo Instituto Francês do Petróleo.
Sua escolha para a Petrobras contou com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP). A entidade sindical destacou em nota, nesta quinta, que a chegada de Prates marca “o início de uma nova era em direção ao crescimento e à retomada do papel da empresa como indutora do desenvolvimento econômico e social do país”.
Jean Paul Prates foi assessor jurídico da Petrobras Internacional (Braspetro), entre 1988 e 1991, e atuou, entre 1997 e 1998, como consultor do Ministério de Minas e Energia (MME) e da ANP — período no qual foram aprovadas a Lei do Petróleo e instituída a Rodada Zero, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Na política, antes de ser senador, foi secretário de Energia do Rio Grande do Norte, entre 2008 e 2010, no governo Wilma de Faria — período marcado pela expansão da energia eólica e solar no estado.
Em 2014, foi eleito primeiro suplente da senadora Fátima Bezerra (PT/RN) e assumiu a cadeira no Senado em 2019, quando Bezerra se tornou governadora.
Prates é autor de uma série de projetos de lei para o setor de energia, dentre os quais:
- A conta de estabilização de preços dos combustíveis (PL 1472/2021), um projeto aprovado no Senado com apoio do governo em 2022, mas posteriormente barrado por iniciativa de Paulo Guedes;
- Foi relator do que viria a ser a lei complementar 192/2022, que após uma fase de judicialização no Supremo Tribunal Federal (STF) serviu ao governo Bolsonaro como um dos pacotes para reduzir os preços, especialmente, da gasolina às vésperas da eleição.
- O marco legal da geração eólica offshore (PL 576/2021), aprovado no Senado, em parceria com o líder do governo, Carlos Portinho (PL/RJ);
- O marco para hidrogênio (PL 725/2022);
- E o marco para o armazenamento de carbono (PL 1425/2022).