Fonte: EPBR / imagem: Pexels
RIO — A Petrobras vai reduzir em 8,9% o preço médio do diesel vendido às distribuidoras a partir de quarta-feira (8/2). A queda será de 40 centavos por litro, para R$ 4,10 na média.
É o primeiro ajuste de preços da companhia sob a gestão de Jean Paul Prates — há quase duas semanas no comando da estatal. A petroleira estava há dois meses sem mexer nos valores do diesel.
Em nota, a companhia justificou que a redução tem como “principal balizador a busca pelo equilíbrio dos preços da Petrobras aos mercados nacional e internacional” e contempla as principais alternativas de suprimento dos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos da empresa.
Destacou, ainda, que busca evitar o repasse da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio, “ao passo que preserva um ambiente competitivo salutar nos termos da legislação vigente”.
Considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, de R$ 3,69 a cada litro vendido na bomba.
Queda reflete o ambiente externo
A redução dos preços, anunciada nesta terça (6/2), reflete o comportamento do mercado internacional.
Com a desvalorização do petróleo nas últimas semanas, a Petrobras vinha operando, desde a virada do mês, com preços acima da paridade internacional, segundo a Abicom, representante das importadoras privadas, concorrentes da Petrobras.
A associação estima que, antes do anúncio do ajuste nesta terça, a estatal estava praticando preços 16% — ou 60 centavos — acima do preço de paridade de importação (PPI) no diesel.
Na gasolina, o prêmio é calculado pela associação em 6% (18 centavos). As estimativas consideram os dados do fechamento de mercado da véspera.
Já a consultoria StoneX estima que o litro do diesel vendido nas refinarias da estatal estava 76 centavos acima das cotações internacionais, antes do anúncio do ajuste.
Prates é crítico do alinhamento ao PPI, mas já afirmou, após ter sido indicado por Lula para a presidência da estatal, que mudanças na política de preços não serão feitas imediatamente, em seus primeiros dias no comando da petroleira.
Política de preços é “assunto de governo”
Prates assumiu a presidência da Petrobras, em meio a expectativas de que a política de preços da companhia, alinhada ao PPI, será alterada.
Em sua primeira agenda pública após assumir o cargo, Jean Paul Prates afirmou na segunda da semana passada (30/1) que o futuro da política de preços da estatal é “assunto de governo”.
Dois dias depois, o novo presidente da Petrobras se reuniu, em Brasília, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e confirmou, a jornalistas, ter discutido a criação do fundo de estabilização dos preços dos combustíveis — proposta relatada por ele próprio no Senado, em 2022, mas que travou na Câmara dos Deputados.
A expectativa é que o governo Lula tenha que lidar este ano com preços internacionais menores em relação a 2022, mas ainda em patamares elevados. A Administração de Informação de Energia (EIA, sigla em inglês) dos Estados Unidos prevê, por exemplo, o Brent a US$ 83 em 2023, na média, ante os US$ 100 do ano passado.
Uma das principais promessas eleitorais de Lula foi, justamente, rever o alinhamento da Petrobras ao PPI — adotado desde 2016 no governo Michel Temer. Durante a campanha, Lula afirmou algumas vezes a intenção de “abrasileirar” o preço dos combustíveis.
Já eleito, Lula afirmou em dezembro que a questão dos preços será tratada pela nova diretoria da Petrobras. “Basta que a mesma mão que assinou o aumento, assinasse a diminuição também”, disse na ocasião.
Num discurso mais ameno, Prates já afirmou que a nova política de preços será feita sem “necessariamente traumatizar investidores e o retorno dos investimentos” e ressalvou que a Petrobras não pretende se “desgarrar completamente” do mercado internacional.
Prates é defensor da ideia de criação de referências regionais para os preços dos derivados, que levem em conta as particularidades locais. Algumas regiões do Brasil são mais dependentes da importação que outras.