Fonte: Sindigás
Um alerta feito pela mídia em um debate ainda incipiente causou nos Estados Unidos um alarde sobre a possibilidade de que o uso do gás seja banido de lares nos EUA. A afirmação de um membro da Comissão de Segurança dos Produtos de Consumo dos EUA de que cozinhar com gás gera emissões tóxicas que podem causar asma ou até matar e a possibilidade de serem banidos assustou o mercado local e repercutiu aqui no Brasil. Há que se contextualizar as informações antes de se fazer uma leitura enviesada em relação ao GLP e à realidade brasileira.
A preocupação das autoridades americanas é com microvazamentos de gás metano, um dos principais gases do efeito estufa. Esse gás, ou qualquer outro causador de efeito estufa, não está na composição do GLP, que é uma mistura de propano e butano. Nesse aspecto, o GLP não provoca qualquer ameaça.
Lá fora, as discussões também giram em torno dos efeitos danosos da queima de gases nos diversos equipamentos, especialmente nas cozinhas. Nota-se nos EUA uma preocupação justificável com a combustão de gases em ambientes residenciais, pois, devido ao clima frio, as cozinhas, em geral, são totalmente fechadas. No Brasil e em países da América Latina, esses espaços tradicionalmente contam com ventilação. Para nós, locais minimamente ventilados são uma preocupação das nossas autoridades, pois equipamentos que consomem gases combustíveis, como aquecedores de água a gás, por exemplo, que ficam em áreas de serviço, podem apresentar um risco importante em relação ao monóxido de carbono.
É preciso, portanto, analisar a questão dos fogões a gás com muita calma. O problema a ser resolvido no Brasil é outro. Um número expressivo de famílias de renda insuficiente usa a lenha catada em fogões improvisados para cozinhar. Os riscos a que são submetidas essas pessoas é muito maior, dado o potencial poluente da queima da lenha, que libera inúmeras partículas poluentes e causa diferentes tipos de doenças pulmonares e cardiovasculares, acometendo principalmente mulheres e crianças, o grupo mais exposto à fumaça produzida pela queima da lenha.
Na equação de energia mais limpa, qualidade de vida e bem-estar, o GLP está, portanto, no lado da solução e não do problema. Sua utilização, obviamente, exige cuidados no manuseio, na instalação, ambiente apropriado e ventilação adequada, mas seus benefícios para as famílias são incalculáveis.
Sergio Bandeira de Mello
Presidente do Sindigás