Fonte: Jornal de Brasília / imagem: Petrobras
RIO – Com a indicação do gestor Sergio Caetano Leite à diretoria financeira da Petrobras, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, fechou o trio que, se aprovado, terá o poder de decidir sobre reajustes nos preços dos combustíveis. A escolha de Caetano Leite, formalizada na noite desta sexta-feira, 17, véspera de carnaval, foi adiantada pelo Estadão/Broadcast ainda em 24 de janeiro.
Além dele e do próprio Prates, também fará parte do grupo que delibera sobre preços o escolhido para a diretoria de Comercialização e Logística, o engenheiro químico e bacharel em direito Claudio Schlosser. Ele foi um dos cinco nomes anunciados para a diretoria executiva da Petrobras em 2 de fevereiro.
Em regra, na Petrobras, decisões sobre reajustes são tomadas em conjunto pelo presidente e pelos diretores financeiros e de comercialização e logística, cargos ainda ocupados por Rodrigo Araújo e Cláudio Mastella. Portanto, renovado apenas parcialmente com a chegada de Prates, esse trio decisor promoveu um único reajuste: a redução de 8,9%, ou R$ 0,40 no preço do litro do diesel da Petrobras, em 8 de fevereiro.
Os dois indicados à diretoria da Petrobras, Caetano Leite e Schlosser, ainda aguardam as aprovações da área de conformidade da empresa, do Comitê de Pessoas (Cope) do Conselho de Administração, e do pleno do colegiado para tomarem lugar na empresa. Mas fontes de mercado e da própria estatal avaliam que eles não devem enfrentar dificuldades para assumir as posições.
Schlosser foi quadro da Petrobras, onde ingressou em 1987 e passou pelas áreas de processamento, comercialização e logística de petróleo e derivados. Ele foi gerente geral de refinarias até chegar à vice-presidência da Petrobras America e, depois, à gerência-executiva de Refino, Petroquímica e Fertilizantes da Petrobras, em que comandou 13 refinarias e demais unidades de processamento de petróleo e gás.
Já Caetano Leite ocupava o cargo de subsecretário de programa do Consórcio do Nordeste e foi diretor financeiro da consultoria de óleo e gás de Prates, a Expetro, entre 2002 e 2007. Ele é, portanto, homem de confiança de Prates.
Para um ex-conselheiro da Petrobras ouvido pelo Broadcast, essa proximidade indica que Prates e Caetano Leite têm visões próximas na questão de preços e, por isso, Prates não teria dificuldades em impor agenda própria sobre o tema.
Assunto sensível
Politicamente sensível, os preços praticados pela Petrobras em suas refinarias passaram ao centro do debate público desde o início do ano passado. Então, a invasão da Ucrânia pela Rússia levou a um choque de oferta de derivados do petróleo que fez as cotações desses produtos dispararem, descolando do barril de óleo bruto sob volatilidade inédita.
Como a Petrobras pratica a política de preço de paridade de importação (PPI), a companhia subiu seus preços em linha com as cotações internacionais, o que fez a gasolina bater os R$ 7,39 por litro ao consumidor final, nos postos de gasolina. Isso pressionou a inflação e deflagrou uma crise entre a direção da companhia e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e lideranças do Congresso Nacional.
O resultado foi pelo menos duas trocas na direção da empresa, controlada pela União, que levaram a uma redução na frequência dos reajustes. Em paralelo, os preços nas bombas também caíram em função do corte de impostos federais e estaduais. Os tributos vão voltar a incidir em março sobre a gasolina e no fim do ano sobre o diesel, mais um fator de pressão sobre a Petrobras, agora sob o comando de Prates, no governo Lula (PT).
Não ao controle de preços
Prates, no entanto, tem afirmado que não vai controlar preços. O presidente da Petrobras aposta em políticas de Estado para resolver a questão dos combustíveis, entre as quais a criação de uma conta de estabilização de preços dos combustíveis, a CEP-Combustíveis, cujo arcabouço legal relatou e aprovou durante mandato no Senado. O assunto tramita agora na Câmara dos Deputados.
Prates também defende preços de referência mais regionalizados a serem definidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que poderiam ser adotados pela Petrobras e demais agentes do mercado de refino.
Fontes próximas a Prates dizem que ele pretende seguir observando as flutuações das cotações internacionais dos derivados, repassando-as parcialmente aos preços da companhia, mais próximo do que já vinha sendo feito pela gestão anterior do que de qualquer ruptura capaz de afugentar investidores e derrubar o preço de mercado da Petrobras.
Estadão Conteúdo