Fonte: EPBR / imagem: Jefferson Rudy / Agência Senado

RIO — A Petrobras vai buscar uma nova fórmula de preços para o gás natural, afirmou o presidente da companhia, Jean Paul Prates, nesta segunda-feira (17/04). A exemplo da discussão sobre os preços dos derivados de petróleo, a empresa quer dar mais peso aos custos domésticos de produção na precificação da molécula do gás.

“Vamos trabalhar, tanto nos combustíveis quanto no gás natural, nesta nova ótica de que o mercado brasileiro tem um preço próprio, que é composto ponderadamente do que o próprio mercado brasileiro produz, e do que é complementar, que vem de volumes importados, seja da Bolívia ou via GNL”, disse Prates, ao participar de evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Os contratos da Petrobras, para fornecimento de gás às distribuidoras estaduais, seguem uma fórmula de precificação atrelada à variação do petróleo (Brent) e taxa de câmbio.

A exposição aos preços internacionais foi ampliada desde o ano passado, nos novos contratos assinados pela Petrobras com as concessionárias de gás canalizado, sob a justificativa de que os custos de importação de gás natural liquefeito (GNL) aumentaram.

Naquela ocasião, a petroleira elevou o percentual do Brent ao qual o preço do gás está indexado – de 12% para 16,75% em 2022. Este ano, o índice está em 14,4%.

O aumento da exposição aos preços internacionais gerou uma disputa judicial entre a Petrobras e distribuidoras estaduais. Algumas delas conseguiram, por força de liminares na Justiça, impedir a mudança – e, na prática, garantir condições mais vantajosas.

Prates defende “produtização” do gás

Ao comentar o assunto, nesta segunda-feira, Prates indicou que o gás natural poderá ter preços diferentes de acordo com produtos e clientes – que chamou de “produtização” do gás.

A companhia, atualmente, segue, em geral, um mesmo padrão de negociação com as diferentes concessionárias.

Prates é um crítico, no caso dos derivados do petróleo, do alinhamento dos preços dos combustíveis ao preço de paridade de importação (PPI) – modelo de precificação adotado pela companhia desde 2016 e que, a exemplo do gás, reflete a dinâmica do câmbio e cotação internacional do petróleo.

O presidente da Petrobras defende uma nova precificação, que reflita também a matriz de preços internos.

“Temos que ter muito cuidado de tratar a questão do PPI, fórmulas de preços, porque sabemos que o mercado é muito sensível e que há uma linha tênue de passar isso para o lado do subsídio direto ou das perdas para a Petrobras”, disse.

GT vai discutir preços e aumento da oferta de gás

Durante o evento na Fiesp, as autoridades anunciaram a criação de um grupo de trabalho para discutir a ampliação da oferta e a redução dos preços do gás natural. O grupo terá a participação dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), de Minas e Energia (MME), da Fazenda, Casa Civil, Petrobras, Fiesp e representantes dos produtores independentes.

Em março, ao anunciar as bases do programa Gás para Empregar, o governo informou que estudaria, dentre outras medidas, o desenvolvimento de uma política de precificação de longo prazo do gás natural da União que leve em consideração os preços da molécula e dos produtos e energia obtidos a partir do gás natural.

A ideia é criar um formato para troca (swap) do óleo da União por volumes adicionais de gás natural disponíveis para comercialização por meio Pré-sal Petróleo SA (PPSA).

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, destacou nesta segunda a importância do gás natural também para a produção de fertilizantes nitrogenados e para a segurança alimentar do país.

“Ter os nitrogenados é estratégico, é questão até de segurança alimentar. É estratégico para nós, que somos o maior exportador agrícola do mundo de alimentos, termos uma indústria que propicia essa produtividade agrícola”, disse Alckmin, em mais um aceno do governo para grupos empresariais (a Coalizão pela Competitividade do Gás Natural Matéria-Prima) que defendem um mercado de gás ancorado no desenvolvimento das indústrias de fertilizante e química.

O vice-presidente elogiou a redução dos preços nos contratos de gás com as distribuidoras, anunciada na manhã desta segunda pela Petrobras.

Ele defendeu também novos investimentos em infraestrutura de gás e criticou a demora da petroleira brasileira na entrega da unidade de processamento de gás natural (UPGN) que vai ligar o Rota 3 ao Polo Gaslub, em Itaboraí (RJ)

“Como pode uma empresa do tamanho e com a excelência da Petrobras trazer o gás, mas ficar parado em Itaboraí porque não tem a unidade de tratamento, que só vai ficar pronta no final do ano que vem? Como se explica uma defasagem desse tamanho? Precisamos ter Rota 3, 4, 5, 6, 7. O gás natural é um insumo importantíssimo, não só para a indústria, mas também para setores do comércio”, disse.

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