Fonte: EPBR / imagem: Tauan Alencar/MME

BRASÍLIA – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), afirma que é “natural” o fato de o ministério ter protagonismo no conselho da Petrobras.

“A União, que o ministro de Minas e Energia representa, é a controladora da Petrobras. E nós temos que ter a coragem de dizer isso em alto e bom tom”, diz o ministro.

Na semana passada, o governo federal concluiu a escolha dos conselheiros da companhia, indicados neste novo governo Lula. Quatro secretários foram eleitos – três de Silveira e um da Casa Civil, de Rui Costa (PT).

“É natural que a União tenha os seus seis conselheiros, que possam assim discutir com a diretoria executiva da Petrobras um bom planejamento para a empresa”. O ministro falou com exclusividade à epbr na sexta (28/4), durante a abertura da safra mineira de cana, em Uberaba (MG).

A definição da lista do conselho da Petrobras, que será responsável por discutir a política de preços de combustíveis no país, foi o estopim de uma crise entre Silveira e o presidente da estatal, Jean Paul Prates.

O PPI é um modelo que desagrada a ambos. A tendência, segundo o ministro, é que a discussão sobre a formação dos preços da gasolina, do diesel e demais combustíveis tenha início à medida que as primeiras reuniões do conselho ocorram.

“Agora começam as reuniões do conselho. Eu já disse e repito: eu acho que a política de preços da Petrobras é algo que tem que ser rediscutido. Isso foi dito por nós todos na campanha. Vai ser feita de forma aberta, publicizada, extremamente transparente.”

Questionado sobre a relação com Prates, Silveira respondeu que cada um tem uma função a cumprir no comando da companhia.

“Olha, os pingos têm que ser colocados no is. O Jean Paul é o presidente da empresa. Portanto, é o responsável pela condução da diretoria executiva da empresa. A União, que o ministro de Minas e Energia representa, é controladora da Petrobras. E nós temos que ter a coragem de dizer isso em alto e bom tom”, reforçou.

A lista de conselheiros da União demonstrou influência de Silveira junto ao Planalto e inclui o novo presidente do colegiado, o secretário Pietro Mendes, de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (SPG).

Além de comandar a área técnica responsável por projetos prioritários da pasta – a exemplo do Gás para Empregar –, Pietro Mendes tem representado o ministro em eventos com ou primeiro escalão do governo e parlamentares.

A União elegeu Mendes, Efrain da Cruz (secretário executivo), Vitor Saback (mineração) – os três do MME –, Bruno Moretti (Casa Civil), o ex-ministro Sérgio Rezende e o próprio Jean Paul Prates para o conselho da Petrobras. Veja o resultado da assembleia em Pietro Mendes é eleito presidente de novo conselho da Petrobras.

‘Perfil conciliador’ e a busca por autossuficiência

Silveira disse ainda que tem “perfil conciliador” e que pretende buscar a “boa política” na relação com a diretoria executiva da Petrobras, com foco na expansão da produção interna de combustíveis — a fim de reduzir a dependência das importações.

“Todos que me conhecem sabem do meu perfil conciliador. Como mineiros, nós gostamos de exercitar a boa política. E a boa política é aquela que constrói através do diálogo, da busca de convergência, olho no olho”.

“E é assim que eu acho que vão agir os conselheiros da Petrobras: buscando transparência na empresa, foco no investimento para buscar autossustentabilidade na produção de gasolina.”

Silveira afirmou que o MME tem dados que mostram que a modernização da estrutura atual de refino no Brasil, aliada à produção de etanol e renováveis, permitiria ao país pensar em atingir a autossuficiência de combustíveis, primeiro da gasolina; e futuramente, do diesel.

“Nós temos que perseguir isso com muita determinação. E vamos fazê-lo com muito trabalho e sempre focado na orientação do presidente Lula, que é melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro.”

Políticas para o mercado de combustíveis

Em entrevistas recentes, o ministro tem batido na necessidade de reduzir a exposição brasileira às exportações de combustíveis. Até o momento, o governo já anunciou algumas medidas:

Há gargalos nas projeções de atendimento ao mercado até o fim da década, não apenas na capacidade de refino, mas de desembarque e movimentação de derivados importados.

Na semana passada, o Silveira anunciou que vai propor ao governo federal o início dos estudos para elevar o percentual de etanol anidro na gasolina comum para 30%. Hoje, o biocombustível está em 27,5% (E27), uma política prevista em lei no Brasil.

A substituição de derivados de petróleo por biocombustíveis, gás natural e biometano e a eletrificação de frotas são alternativas para redução da dependência e, em muitos casos, das emissões de gases do efeito estufa (GEE) no transporte.

Categorias: DestaqueNotícias

Copyright © 2016 - Sindigas - www.sindigas.org.br — Todos os direitos reservados - Política de Privacidade