Fonte: Info Money / imagem: Copa Energia

Até 2019, a Copagaz passava por um dilema no mercado do gás de cozinha. Ocupando à época o quinto lugar na oferta de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o nome técnico do produto, o desafio era avançar na participação dentro de um segmento muito concentrado. “Vivíamos em uma área de fricção: ser a maior entre as menores ou a menor das maiores”, recorda Caio Turqueto, CEO da Copa Energia – a holding do grupo, em entrevista ao IM Business.

Em uma oportunidade de mercado que surgiu no início de 2018, a partir da negativa do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) da compra da vice-líder Liquigás pela líder Ultragaz, a Copagaz viu a chance de acabar de vez com o dilema. No ano seguinte, em um consórcio com Itaúsa (ITSA4) e Nacional Gás, adquiriu a Liquigás da Petrobras (PETR4) por R$ 4 bilhões. Assim surgiu a Copa Energia, já com uma participação de mercado três vezes maior do que o da empresa original.

Cerca de quatro anos depois e na liderança do mercado de GLP com uma fatia 26,4%, a Copa Energia saiu de um faturamento que beirava os R$ 2 bilhões para R$ 11,7 bilhões no fim de 2022, com lucro líquido de R$ 300 milhões. A despeito do salto operacional e financeiro, o grupo segue em curso com a integração da Liquigás. No fim deste ano, acabam os remédios aplicados pelo Cade para viabilizar o negócio e, de fato, a nova empresa estará 100% liberada para avançar em outras estratégias.

“Estamos trabalhando desde 2021 para integrar as empresas, que eram de estilos diferentes. Uma era de origem familiar [Copagaz] e outra estatal [Liquigás], mas estamos conseguindo construir uma boa cultura”, avalia Turqueto. Presente em 24 estados do país, a Copa Energia entende que não precisa ampliar mais sua área de atuação. Seus investimentos serão voltados para requalificar a estrutura atual. Anualmente, a empresa destina pouco mais de R$ 100 milhões a capex e a tendência é que esse patamar siga nos próximos anos.

Desafios

Com a forte expansão finalmente absorvida, a Copa terá que lidar com desafios estruturais das empresas que atuam no GLP. Pedro Acioli, sócio da Mantaro Capital, lembra que os preços do gás de cozinha estão em queda após as expressivas altas vistas na pandemia e, depois, com a guerra na Ucrânia, uma vez que o produto tem correlação com o petróleo.

“Vejo o mercado de GLP estagnado e com as margens em queda. É um setor muito ligado ao poder de compra e, com a diminuição na renda das famílias, o consumo vem caindo, até em casos extremos com a substituição do gás por lenha”, reforça Acioli. “Há um desafio de crescimento, concorrência com o gás natural encanado. Como vai ser para as empresas daqui a 10 anos?”, questiona o especialista.

Balcão de energia

Os planos de Turqueto não ignoram esses desafios. A longo prazo, a estratégia é avançar em outras frentes para além do gás de cozinha. E cita como exemplo a transição energética e oportunidades no novo mercado livre de energia que entra em vigor no ano que vem. Cerca de  15 mil clientes da companhia têm potencial para iniciativas de “cross selling” (venda cruzada). Teses que envolvem produção de energia mais limpa, como a solar, biometano e Bio GLP, estão na mesa, mas a empresa estuda qual modelo poderá ter maior aderência ao seu modelo de negócios e poder de escala.

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