Fonte: Brazil Journal / imagem: VIBRA
André Esteves se reuniu com cerca de 15 gestores com posição na Vibra Energia no final da tarde de sexta-feira para repassar a tese da proposta de fusão feita pela Eneva.
Esteves disse que o foco da transação não é a obtenção de sinergias operacionais, e sim o que chamou de “sinergias de escala”: a fusão de dois balanços criando uma nova gigante de energia.
O BTG seria o acionista de referência da Vibra-Eneva, que teria inúmeras oportunidades de crescimento por aquisições. Esteves lembrou o histórico do banco ganhando dinheiro com trading de energia, e disse que pretende ocupar um assento no conselho da empresa combinada.
O banqueiro disse que a proposta de aportar as quatro térmicas do BTG na empresa combinada foi desenhada “a pedido da Dynamo, para remover a complexidade” do banco ter ativos no setor fora da empresa, mas que essa parte da transação seria “opcional”.
Esteves também disse que a fusão “criaria uma defesa” para a Vibra em relação a uma eventual investida da Petrobras contra a empresa. (Para alguns investidores, no entanto, uma OPA da Petrobras ou de outro grande player disposto a oferecer um prêmio pela Vibra seria o paraíso.)
O controlador do BTG também disse não compreender as queixas sobre a relação de troca proposta — que avalia as duas empresas no mesmo valor — dado que a Eneva passou a maior parte deste ano valendo mais do que a Vibra, que só ultrapassou a geradora de energia nos últimos meses, depois de um resultado trimestral forte e em meio a uma melhora generalizada no setor de combustíveis.
“O Esteves tem um monte de razões pelas quais ele gosta da transação, mas a maioria delas são opcionalidades, coisas que podem ou não acontecer,” disse um gestor que esteve na reunião.
Para outro investidor, Esteves provavelmente pediu a reunião para medir a temperatura do mercado e calibrar uma nova proposta.
“A chave aqui é ele convencer o board da Vibra, porque, se o board se convencer, fica mais fácil as agências de proxy recomendarem o voto a favor aos investidores passivos.”
Para um banqueiro de investimentos que tem mantido contato com alguns minoritários, “em fusões em que não há um componente de cash nem sinergias relevantes, há um jogo de rouba-monte entre as duas: o prêmio de uma é o desconto da outra.”
Outro gestor notou o comprometimento pessoal de Esteves na transação, e disse que uma nova oferta – refletindo os preços de tela vigentes na véspera da primeira – pode ser o suficiente para fazer a transação voar.
“Uma parte dos acionistas da Vibra gostaria de ter o Esteves como acionista de referência, mas no preço correto, sem pagar prêmio por isso,” disse esse gestor. “Se eles [BTG e Cambuhy] quiserem entrar já ganhando dinheiro, não vai passar, mas se quiserem fazer a preço de tela e vir pro jogo, aí vai!”
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