Fonte: O Povo / imagem: CJJ
Com a chegada de 2024, haverá o fim da desoneração dos combustíveis. Depois dos benefícios fiscais terem acabado para gasolina, etanol e querosene de aviação, em agosto, agora chega a vez do diesel, biodiesel e gás de cozinha (GLP). Com isso, a inflação e o bolso do consumidor sentirão os impactos.
A medida estava em vigor desde 2022, ainda durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, sendo que, neste ano, a equipe econômica de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu uma retomada parcial dos impostos.
Agora, após a virada de ano, não há previsão de uma nova desoneração. Isso porque a arrecadação do PIS e Cofins de 2024 ajudará o governo a cumprir a meta de déficit zero.
De acordo com a Receita Federal, a volta dos impostos representa uma recomposição da arrecadação de aproximadamente R$ 20 bilhões, em 2024.
No entanto, a inflação do próximo ano vai sentir os impactos. Para o consultor em energia, Ricardo Pinheiro, o que mais preocupa é o diesel, já que é a base dos transportes. Ele projeta que o valor atual pode aumentar na casa dos R$ 0,35.
“Mas, como isso é por litro e o diesel se consome muitos litros por trecho do transporte, torna-se muito forte esse impacto. São valores representativos, ainda mais porque o diesel já está muito caro. E a gente tem que se preparar para que esses impactos não mexam necessariamente com o equilíbrio financeiro das pessoas, das famílias, das empresas.”
Já em relação ao gás de cozinha, o consultor em energia estima uma alta de R$ 2,80. E, este, será sentido mais no bolso do consumidor da classe média e baixa. “Ele não vai ficar subindo ou impactando a cadeia de consumo, mas dá um choque no bolso do consumidor.”
Contudo, ele afirma que estas reonerações já são esperadas e, de certa forma, até contabilizadas nos índices de inflação futuros. “Não vai necessariamente surpreender o mercado, a não ser que o mercado queira ser surpreendido com algo que já era esperado e planejado.”
Reoneração passa também pela pressão da transição energética
Além disso, Ricardo Pinheiro, consultor em energia, afirma que, atualmente existe uma pressão internacional para que todos os países reonerem os combustíveis fósseis.
“Caso ele (o governo) decidisse abrir mão desses impostos para controlar a inflação, isso poderia ser entendido como um subsídio a um combustível fóssil justamente na época em que se busca substituição não do diesel, da gasolina e todos os outros de origem fóssil.”
Conforme ele explica, a transição energética tão desejada precisa passar por uma oneração dos combustíveis fósseis para que se possa, depois, subsidiar as energias renováveis.
Assim, o consultor afirma que o Governo precisa verificar a possibilidade do etanol e do biodiesel serem beneficiados com redução de impostos, já que não impactam o meio ambiente da mesma forma que a gasolina ou o diesel puro.
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