Fonte: PetroNotícias / imagem: AIGLP
Os principais membros e tomadores de decisão da indústria do GLP (gás de cozinha) estarão nesta semana no Rio de Janeiro para participar do principal evento do segmento em toda a América Latina. A Associação Iberoamericana de Gás Liquefeito de Petróleo (AIGLP) promove entre quinta (14) e sexta-feira (15) a 37ª edição de seu Congresso, com uma extensa programação e diversos convidados importantes, conforme já noticiamos. Para detalhar um pouco mais sobre as discussões que acontecerão no encontro, o Petronotícias conversará hoje (11) com o diretor executivo da AIGLP, Fabrício Duarte. São esperados mais de mil visitantes ao longo do evento, uma plenária com mais de 200 congressistas e representação de 20 países, discutindo questões relevantes para a indústria. Um dos temas debatidos em um dos painéis do evento é o cenário para a indústria de GLP para os próximos 50 anos, em meio ao processo de transição energética. “Deixo para nosso painel a apresentação dos dados e das análises, mas posso adiantar que o GLP ainda tem um papel muito importante nessa caminhada. Se é verdade que a transição de energéticos rudimentares (lenha, carvão, querosene etc.) para o GLP não é uma solução perfeita, ainda assim representa um passo significativo para reduzir o impacto ambiental e melhorar a saúde pública em países da nossa região”, disse. Duarte também destaca que haverá uma discussão sobre como o GLP pode ser uma ferramenta para combater a pobreza energética, demonstrando um programa do governo indiano que se tornou referência na utilização do gás de cozinha.
Inicialmente, poderia comentar sobre como serão as discussões acerca das melhorias regulatórias no setor de GLP do Brasil e da América Latina?
As discussões ocorrerão durante nossos painéis, os quais contarão com a presença de um ou dois oradores encarregados de apresentar os tópicos em pauta, expondo suas perspectivas e experiências. Posteriormente, os debates serão conduzidos por um moderador, com o propósito de aprofundar as considerações acerca dos temas abordados e fomentar uma interação entre os participantes e a plateia. Esta terá a oportunidade de remeter suas indagações por intermédio do aplicativo oficial do evento, proporcionando, assim, uma dinâmica de participação ampliada e interativa.
Montamos uma agenda robusta para discutir temas que são importantes para o mercado de GLP na América Latina de forma geral, como questões regulatórias e de segurança jurídica, que afetam os investimentos do setor – custosos e de retorno a longo prazo; projeções de oferta e demanda; e pobreza energética, trazendo exemplos de experiências bem-sucedidas que podem ser replicadas no Brasil.
Em um momento de grande importância para nossa região, onde mercados relevantes se encontram em revisão regulatória, como Argentina, Brasil e Chile, este evento se torna uma oportunidade única para apresentar as virtudes de uma regulamentação adequada e compreender que o mercado de GLP é complexo e multifacetado, e sua estrutura atual é o resultado de um equilíbrio alcançado ao longo de sua existência, entre forças econômicas e diretrizes regulatórias, proporcionando bem-estar, qualidade de serviço e segurança ao consumidor final.
Além disso, poderia adiantar um pouco sobre o debate referente aos cenários para a indústria de GLP nos próximos 50 anos?
Essa é uma discussão importante, principalmente em um mundo onde a transição energética tomou conta do debate.
A retórica atual nos leva a pensar que teremos, em um futuro próximo, um fornecimento de energia gerado exclusivamente a partir de fontes renováveis, como energia solar e/ou eólica. No entanto, na América Latina, essa definição precisa ser mais ampla, pois nossa realidade ainda é a de milhões de pessoas utilizando fontes de energia rudimentares como a lenha.
Essa disparidade de realidades que existe no mundo, nas etapas da transição energética, ressalta um ponto crucial nesta discussão: não existe solução única para todos.
Deixo para nosso painel a apresentação dos dados e das análises, mas posso adiantar que o GLP ainda tem um papel muito importante nessa caminhada. Se é verdade que a transição de energéticos rudimentares (lenha, carvão, querosene etc.) para o GLP não é uma solução perfeita, ainda assim representa um passo significativo para reduzir o impacto ambiental e melhorar a saúde pública em países da nossa região. Esperar para fazer a transição para uma energia 100% limpa é obrigar milhões de pessoas, especialmente nas camadas mais vulneráveis, a continuar sofrendo os efeitos do uso das fontes de energia rudimentares, prejudicando sua saúde e o meio ambiente.
Na sua opinião, quais são as principais inovações e tendências esperadas na indústria de GLP para o futuro?
Considero que nossa indústria já faz um excelente trabalho em termos de inovação, sempre trazendo novas soluções em experiência do consumidor, formas de pagamento e logística de entrega. Creio ainda que novidades possam surgir com um aumento da digitalização e da incorporação de dispositivos IoT (Internet das Coisas), que podem desempenhar um papel importante na otimização das operações da indústria de GLP.
Como a AIGLP avalia o atual panorama do mercado de GLP brasileiro? Quais são as perspectivas para o ano de 2024?
O mercado de GLP no Brasil é uma referência internacional pela excelência do serviço prestado ao consumidor em um país de dimensões gigantescas. Nosso arcabouço normativo e regulação econômica consolidada nos brindam com um modelo virtuoso que promove o bem-estar do consumidor e garantem a qualidade e segurança do serviço prestado. Isso fica comprovado quando observamos os números que são frequentemente divulgados pelo Sindigás mostrando que o GLP está presente em todos os municípios do Brasil e em mais de 91% dos lares brasileiros, e o modelo de distribuição e revenda adotado possui elevados índices de satisfação do consumidor.
Em relação às perspectivas, o ano de 2024 traz inúmeros desafios para nossa indústria, com uma revisão regulatória em andamento. Na qualidade de associação representativa, temos o dever de trazer para a discussão as políticas que não estejam em consonância com as melhores práticas do setor, e defender os pilares fundamentais da indústria, as boas práticas regulatórias e, principalmente, o bem estar e segurança do consumidor. Neste sentido, temos que estar atentos para evitar que um modelo virtuoso e de comprovado sucesso, como o do Brasil, seja desarticulado, prejudicando o verdadeiro hipossuficiente nesta relação que é o consumidor final.
Como o evento planeja abordar a questão da pobreza energética na América Latina?
Teremos um painel muito interessante, apresentando casos de sucesso no combate à pobreza energética, onde destaco o Pradhan Mantri Ujjwala Yojana (ou PMUY), programa do governo indiano que se tornou referência na utilização do GLP para combater a pobreza energética, por ter retirado mais de 80 milhões de famílias da situação de vulnerabilidade.
Baseado nestes exemplos, nossos convidados poderão ampliar a discussão sobre o tema, ressaltando que o GLP continua sendo a solução primária para fornecer acesso a cozinhas limpas, sendo fundamental em qualquer programa ou iniciativa que seja adotada na América Latina. Sua capilaridade permite que chegue a lugares remotos onde as redes de distribuição de energia elétrica ou gás natural não alcançam. Sua portabilidade permite ser facilmente transportado e instalado, não exigindo uma infraestrutura complexa ou invasiva para a instalação. Isso significa que as famílias podem ter acesso a uma fonte de energia confiável e versátil sem a necessidade de grandes investimentos em infraestrutura.
Por fim, poderia compartilhar conosco as perspectivas gerais da AIGLP em relação a esta nova edição do congresso?
O Congresso da AIGLP é o evento mais importante no setor de GLP na região. É uma oportunidade única para líderes e especialistas da indústria compartilharem conhecimentos, experiências e perspectivas sobre temas-chave que afetam nosso setor.
Esperamos mais de 1000 visitantes ao longo dos dias de evento, uma plenária com mais de 200 congressistas e representação de 20 países, discutindo questões relevantes para a indústria.
Simultaneamente ao evento, será realizada a maior feira de produtos e serviços da indústria de GLP na América Latina, com mais de 60 expositores, proporcionando um ambiente propício para promover network e negócios.
Em resumo, esperamos que o Congresso da AIGLP seja um evento enriquecedor e que contribua para o desenvolvimento e avanço contínuo do setor de GLP na América Latina.