Fonte: Sindigás / imagem: AIGLP

O 37º Congresso da AIGLP – Associação Iberoamericana de Gás Liquefeito de Petróleo –, que promove até hoje um ciclo de debates sobre essa indústria, destacou os temas Regulação econômica na indústria de GLP na América Latina e Pobreza energética na América Latina: ações e diretrizes de política pública, em seu primeiro dia de discussão. O evento fortalece a integração de toda a indústria de GLP da América Latina em prol de uma agenda de temas comuns a vários países da região e reúne as maiores empresas do mercado de GLP, entre produtores, fornecedores, distribuidores e empresas de tecnologia, promovendo network e negócios.

Durante a abertura, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, destacou que o evento não apenas contribuiu para o desenvolvimento do mercado e agentes econômicos, mas também para a ANP, que recebe informações e práticas que podem contribuir para o aprimoramento da Regulação. “O GLP é importante em um cenário de múltiplas fontes de energia, é um combustível eminentemente de caráter social. Nesse sentido, o GLP pode dar sua contribuição neste momento de transição energética, que depende de inovações. É uma indústria muito bem-sucedida, que consegue atender um mercado desigual e enorme em extensão territorial, presente na totalidade de municípios. Isso é um desafio e um benefício que merece registro e contribui fortemente para garantir acesso ao combustível a preços e qualidade adequados ao consumidor”, explanou Saboia.

Segundo a diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, o futuro é diverso em todos os seus aspectos, incluindo a diversidade energética, com diferentes soluções que garantam a segurança do abastecimento nacional e acesso à energia a toda a população brasileira.  Ele lembrou que dentro da presidência do G20, o subcomitê de transição energética elencou entre suas prioridades que as pessoas não sejam esquecidas, mas estejam no centro das decisões.

“O acesso à energia limpa de cocção é fundamental para garantir uma transição justa. O GLP tem um papel importante no Brasil e no sul global. É inadmissível que um quarto dos domicílios brasileiros consumam lenha para cocção e aquecimento. Na diversidade de soluções tem um caminho imenso para o GLP fazer parte de um futuro sustentável”, destacou Borges.

Já Para o deputado federal Beto Pereira (PSDB/MS), não se sustentam mais as barreiras impeditivas que trazem ao GLP a impossibilidade de participar de forma mais significativa da matriz energética do país. “É importante integrarmos uma política que libere a participação do GLP como matriz em outros meios que não só aqueles que estão sendo hoje utilizados, como nos fogões ou em empilhadeiras”, disse Pereira, que também levantou o tema da venda fracionada de GLP.

“A possibilidade de venda fracionada de GLP traria um transtorno gigantesco para o sistema regulatório nacional: questões de segurança e de comercialização e o mercado sofreriam sérias consequências caso esta medida fosse aprovada”, pontuou o deputado federal. Ele ressaltou ainda que a geração de energia via GLP, em áreas remotas e em backup, é um fator que pode decidir pela viabilidade de negócio, ou pela inviabilidade em função do risco”.

O deputado federal Júlio Lopes também fez coro sobre as restrições de uso do GLP serem inadmissíveis. “Não é aceitável que o Brasil não libere o uso amplo e geral do GLP. Nós, na Câmara Federal, temos que trabalhar com muito vigor pela liberação. Não é só o agronegócio que precisa do GLP em maior abundância, mas é a sociedade brasileira. São muitos usos e potencialidades nos segmentos industrial e residencial que serão atendidos com essa liberação. Inclusive ajudará na ampliação do acesso à energia limpa”, disse Lopes.

De acordo com o diretor do Departamento de Combustíveis Derivados do Petróleo do Ministério de Minas e Energia, Renato Dutra, além de vetor para segurança energética e para transição energética, o GLP também é vetor para a proporção da equidade energética, tendo, assim, ligação direta com uma das prioridades do Ministério, que é fazer a transição energética, mas de forma justa. “Esse processo passa necessariamente pela promoção da equidade energética. Nós já temos o Programa Auxílio Gás, que precisa estar casado com a política energética para a redução da pobreza energética”, destacou Dutra. Ele ressaltou ainda que a inclusão do GLP como objeto de cashback na reforma tributária do consumo é o reconhecimento do seu papel tanto social quanto em relação à política energética.

Ao abrir o encontro, o presidente da AIGLP, Aurélio Ferreira, lembrou que este ano a Associação completará 38 anos de atuação, com mais de 60 membros, representando 16 países. Para o continente, disse Ferreira, o GLP é uma energia fundamental, são aproximadamente 27 milhões de toneladas, que atendem ininterruptamente cerca de 500 milhões de pessoas, impactando positivamente suas vidas.

“Temas importantes unem todos os países da região, como as boas práticas regulatórias; a contribuição para uma transição energética justa; e a inovação e o desenvolvimento da nossa indústria”, pontuou Ferreira, que ainda elencou os pilares associativos: o respeito à marca como o melhor modelo que leva o investimento em qualidade do produto e a segurança para o consumidor final; a livre concorrência entre as empresas e todos os elos da cadeia para melhor oferta de serviço aos clientes; e o incentivo à inovação como ponte para a construção do futuro.

O primeiro dia do evento contou ainda com a presença do superintendente de Óleo e Gás da Secretaria de Energia e Economia do Mar do Estado do Rio de Janeiro, Hugo Aguiar, do embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy, do diretor da ANP, Daniel Maia, entre outros.

No último dia do Congresso da AIGLP serão realizados dois blocos de debates: Investimentos em terminais e a necessidade de segurança regulatória e jurídica; e Inovações e tendências da indústria para o futuro. Haverá ainda uma palestra sobre Segurança na indústria de GLP.

Paralelamente ao evento, que acontece no hotel Windsor Oceânico, na Barra da Tijuca, é realizada uma feira com 74 estandes de empresas expositoras do setor de GLP. A expectativa é de que mais de 1,5 mil pessoas visitem a feira, na qual são apresentadas as novidades em soluções técnicas desenvolvidas por essa indústria.

Sobre a AIGLP

A AIGLP – Associação Iberoamericana de Gás Liquefeito de Petróleo – é uma instituição privada de mais de 35 anos, criada com o fim de promover as boas práticas do setor no que tange a segurança, excelência na prestação de serviço, logística eficiente, assim como o desenvolvimento técnico-científico do setor de GLP em sua região de atuação. Atualmente conta com 64 membros.

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