Fonte: Diário do Comércio / imagem: Petrobras
Brasília e Rio de Janeiro – A lista de prioridades do governo federal para a gestão de Magda Chambriard na Petrobras inclui a aceleração de projetos já em curso e novidades, como a recompra da refinaria de Manaus e a criação de um polo gás-químico em Uberaba, no Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, base do ministro Alexandre Silveira (PSD).
Magda foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para substituir Jean Paul Prates, demitido na terça-feira (14) após longo processo de fritura.
Sua principal missão será a de dar celeridade às entregas do bilionário Plano de Investimentos da estatal e mostrar resultados antes da eleição presidencial de 2026.
Algumas das medidas propostas atendem interesses do Ministério de Minas e Energia, como a declaração de apoio ao projeto de lei Combustível do Futuro, ao qual a Petrobras se opunha, ou investimentos em Minas.
Também contemplam projetos já em curso, mas alvos de insatisfação do governo pelo ritmo das obras, como a retomada de obras na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e no Polo Gaslub, antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Há também a ampliação de encomendas com estaleiros brasileiros, que vêm operando com capacidade ociosa desde a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. A retomada da indústria naval é uma das promessas de campanha de Lula.
O presidente e aliados vinham demonstrando insatisfação com o ritmo dos investimentos da Petrobras durante a gestão Prates. Segundo o plano de investimentos aprovado em 2023, a conclusão Refinaria Abreu e Lima ficaria pronta apenas em 2028. As obras do Polo Gaslub, no ano seguinte.
A lista de projetos prioritários inclui, além da retomada de obras em refino, a recompra das refinarias vendidas durante o governo Jair Bolsonaro (PL). A Petrobras já vinha negociando fatia na Refinaria de Mataripe, na Bahia, mas o governo quer de volta também a Refinaria do Amazonas.
Na área de fertilizantes, inclui a conclusão da fábrica de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, paralisada desde 2014, e estudos para viabilizar a construção de um novo polo em Minas Gerais.
A Petrobras chegou a lançar a pedra fundamental de uma fábrica de fertilizantes com base em gás natural em Uberaba, durante o governo Dilma Rousseff, mas o projeto foi paralisado após a Lava Jato. Em 2023, duas empresas privadas anunciaram planos para produzir fertilizantes na cidade.
A lista de prioridades inclui ainda novos projetos de energias renováveis, biocombustíveis e antecipação em um mês da inauguração de gasoduto que liga reservas do pré-sal a Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, conhecido como Rota 3, prevista inicialmente para agosto.
Pede ainda que a Petrobras aprove investimentos na produção de petróleo e gás no litoral de Sergipe, que vêm sendo adiados por problemas de viabilidade financeira.
E determina ampliação das compras em estaleiros nacionais, algo que Prates vinha tendo dificuldades para deslanchar, com mudança de estratégias de contratação. A Petrobras deve, por exemplo, preferir a aquisição ao afretamento de plataformas.
Para atingir as metas, aliados esperam que a executiva promova grandes mudanças na área de engenharia da empresa, que é responsável pelas encomendas. A chance de permanência do atual diretor, Carlos Travassos, é praticamente nula.
Entre as medidas propostas por aliados, estão mudanças no modelo de contratação, reduzindo exigências que encareceriam e demandariam mais tempo para a conclusão dos projetos, e a volta para plataformas próprias, com encomendas separadas de cascos e módulos industriais que ficam no convés.
Atualmente, ao afretar uma plataforma, a Petrobras deixa a decisão sobre o local de construção dos equipamentos a cargo do fornecedor que, geralmente, só constrói no Brasil o mínimo necessário para cumprir compromissos contratuais de conteúdo local.
O novo modelo, defendem os aliados, facilitaria a encomenda dos módulos no Brasil, deixando apenas o casco para estaleiros estrangeiros. A indústria naval considerada competitiva na construção de módulos, segmento que também gera grande quantidade de empregos.
Hoje há, entre sindicatos e na própria Petrobras, críticas sobre morosidade na aprovação dos projetos e excesso de exigências que encarecem as obras. O modelo de contratação por afretamento também é questionado pelo custo excessivo dos financiamentos tomados pelas empresas fornecedoras.
Em sua gestão, Prates anunciou medidas para tentar remover obstáculos às compras no Brasil, como reunião de aproximação entre estaleiros nacionais e estrangeiros em Houston, nos Estados Unidos, mas a avaliação é de que são insuficientes e ainda sem resultados.
O que o governo espera da Petrobras sob Magda Chambriard
- Concluir a usina de fertilizantes de Três Lagoas, até 2026
- Retomar operação da Fafen neste ano
- Viabilizar polo de gás-químico em Uberaba
- Antecipar entrega do gasoduto da Rota 3 de agosto para julho deste ano
- Acelerar projeto de gás-natural de águas profundas no Sergipe, o Seap
- Acelerar a conclusão da refinaria Refap, em Minas Gerais, e Gaslub -antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro)
- Retomada de obras na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco
- Recompra de refinarias no Amazonas e na Bahia
- Reativar usinas de biodiesel, e investir na unidade de Montes Claros
- Apoio ao projeto dos Biocombustíveis, segundo relatório do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP)
- Investimento em energia eólica e solar
- Contratar estaleiros próprios, e não afretá-los
- Simplificar processos de compra da indústria naval em geral (Por João Gabriel e Nicola Pamplona)