Por Taluia Croso
O início das atividades de exploração do petróleo das camadas do pré-sal trouxe novas perspectivas para o cenário energético brasileiro. A inserção de gases combustíveis na matriz energética aparece como estratégia lógica e necessária a fim de que os recursos gasíferos associados à produção tenham a destinação mais adequada à sociedade brasileira.
O Gás LP exerce papel fundamental no desenvolvimento de novas demandas, graças a características como flexibilidade, facilidade de transporte, armazenamento e alta penetração no território brasileiro, entre outras. Nesse sentido, buscou-se na experiência internacional identificar o papel do Gás LP em mercados maduros de gases. Nesses mercados, o Gás LP tem um papel mais relevante do que o de um combustível intermediário ou complementar. Ele se apresenta como um combustível valorizado por suas características, sendo inclusive a fonte confiável de energia para o consumidor de localidades distantes da rede de distribuição de gás natural e de energia elétrica.
Muitas vezes as demandas energéticas de regiões isoladas não são robustas o suficiente para permitir a expansão das redes de gás e eletricidade. Contudo, a população local não tem limitações de acesso à energia, e, normalmente, por preocupações ambientais, as soluções desenvolvidas localmente apoiam-se no uso do Gás LP para garantir suas demandas por energia térmica e, eventualmente, elétrica.
Essa carência de infraestrutura em regiões afastadas é um problema para o planejador brasileiro, pois as opções, normalmente, apoiam-se sobre a tentativa de inserção da região por meio da expansão da rede de energia elétrica, e, quando não é possível, a solução normalmente é a adoção de sistemas isolados de geração fotovoltaica.
O papel do planejador é, portanto, incluir soluções energéticas e logísticas integradas na elaboração do melhor plano de desenvolvimento para os público-alvos estudados. Nessa região, as infraestruturas e o mercado do Gás LP apresentam-se como opções mais favoráveis quando analisadas as sinergias de soluções elétrica e Gás LP como formas mais racionais de se disponibilizar a energia, além de se promover o planejamento com maior eficiência energética, econômica e adequação ambiental.
O agronegócio é outro setor que pode se beneficiar da disponibilidade de Gás LP para imprimir às suas atividades maior eficiência e produtividade, independentemente da carência de infraestrutura comum nas regiões rurais. Esse setor encara o desafio de agregar valor aos seus produtos com competitividade, a fim de diversificar as exportações. Muitas dessas implementações esbarram na barreira energética.
O Gás LP é uma fonte flexível de energia e tem uma grande variedade de usos no meio rural, que excede o aquecimento de água, cocção, refrigeração, secagem e torrefação de grãos, higienização de área de criação de aves e suínos, aquecimento de ambientes na suinocultura e avicultura, secagem e desidratação de frutas, flores e tubérculos, geração de ar quente e vapor, chamuscagem de pele de animais, além da combinação com tecnologias de conversão, tais como caldeiras de condensação e sistemas de microcogeração. Esses usos, além de oferecerem eficiência energética, podem proporcionar menores emissões de carbono e economia de energia.
Logo, é importante que o Gás LP e a sua logística de distribuição possam ser incorporados ao planejamento energético, trazendo benefícios para a sociedade. Por isso, pode-se afirmar que a “negação” do direito de acesso à energia compromete o desenvolvimento produtivo e a inclusão social.
A Lei 8.176/91, que restringe a diversificação dos usos do Gás LP, as principais barreiras para o estabelecimento de tecnologias que forneçam maior eficiência nos setores residencial e agrícola e, principalmente, a possibilidade de garantir de forma eficiente, confiável e permanente o direito de acesso à energia para comunidades isoladas são fatores que despontam como urgentes para a revisão da legislação vigente.
0 comentário